impactos econômicos

Como os desastres climáticos afetam mercados financeiros e investimentos?

Pesquisa liderada pelo professor Ben Marshall, da Universidade de Massey, revela áreas de influência desconhecidas anteriormente

Como os desastres climáticos afetam mercados financeiros e investimentos
Desastres climáticos têm impactado decisões de investimento – Créditos: Canva

Desastres climáticos, como furacões, inundações, secas e incêndios florestais, têm causado estragos físicos significativos, impactando tanto o meio ambiente quanto às decisões de investimento.

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O Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) projeta que os custos econômicos dessas perdas físicas podem alcançar a marca de trilhões de dólares anualmente até 2100.

Uma pesquisa liderada pelo Professor Ben Marshall, da Escola de Economia e Finanças, da Universidade de Massey, na Nova Zelândia, revela como esses eventos influenciam os mercados financeiros.

Chamado de “The effect of climate disasters on financial markets”, o relatório mostrou que fundos de investimento com foco ambiental têm se tornado cada vez mais populares, especialmente após desastres climáticos.

Incidentes ambientais trazem o meio ambiente à mente dos investidores, fazendo-os ajustar seus investimentos“, afirma Marshall. Eventos maiores e mais proeminentes, como furacões nos EUA, tendem a ter um impacto ainda maior.

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A pesquisa também evidenciou que esse efeito é mais pronunciado em nível local. Investidores são mais propensos a reagir a desastres próximos de onde vivem, ajustando seus portfólios com base em eventos ocorridos em seus estados de residência.

Sabemos que os indivíduos têm mais probabilidade de investir em empresas próximas de casa. Analisamos onde os fundos geridos estão localizados e, em seguida, procuramos desastres no mesmo estado. Isso é mais provável de ser um desastre memorável para os investidores locais do que um desastre que aconteceu do outro lado do país, por exemplo”, ressalta.

Diversificação de riscos

A pesquisa explorou o impacto dos desastres climáticos no mercado de ações em geral. Normalmente, a diversificação de portfólio ajuda a espalhar riscos, mas durante um desastre climático, muitas ações começam a se mover de maneira semelhante.

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Achamos que isso acontece porque, em momentos como este, os indivíduos não estão tão focados em suas ações, que então começam a negociar menos em linha com o que está acontecendo em uma empresa e mais em linha com o que está acontecendo no mercado em geral”, afirma Marshall. Assim, a diversificação torna-se menos eficaz em tempos de desastre, dificultando a redução de riscos nos portfólios.

Além disso, notou-se que a prática de insider trading durante desastres climáticos teve um aumento significativo, especialmente quando os danos são maiores. Executivos, com informações privilegiadas, conseguem prever os impactos com maior precisão e timing, aproveitando a distração dos investidores com os eventos catastróficos.

É possível que alguns gerentes e diretores estejam procurando uma oportunidade para vender suas ações quando todos os outros estão distraídos com outra coisa. Se outros acionistas estão preocupados com a casa pegando fogo ou sendo destruída por um furacão, os gerentes podem pensar que é um bom momento para vender”, explica o professor.

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Impactos dos desastres climáticos

Para Marshall, o resultado da pesquisa mostra que os desastres climáticos têm um grande impacto nos mercados financeiros.“Foi interessante e surpreendente para nós descobrir que os resultados são tão fortes. Já se sabe há algum tempo que questões ambientais afetam os mercados financeiros, mas identificamos três áreas de impacto que não eram conhecidas anteriormente”, destaca.

O relatório evidencia a necessidade de os investidores considerarem os riscos climáticos em suas estratégias de investimento e a importância de uma abordagem mais ampla e sustentável no campo das finanças.

Isso porque as mudanças climáticas também podem abrir portas para investimentos em setores como energias renováveis, tecnologias de adaptação climática e seguros contra catástrofes naturais.

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A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) estima que a capacidade global de geração de energia renovável dobrará até 2030, impulsionada pela crescente demanda por energia limpa e pelo apoio político dos governos.

A Siemens, uma empresa alemã líder em tecnologia médica, é uma empresa que já se prepara para a adaptação a esses impactos já investiu mais de US$ 5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias relacionadas às mudanças climáticas nos últimos 5 anos.

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