A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou o envio de mais de um milhão de doses de vacina contra a poliomielite para a Faixa de Gaza. Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da entidade, as vacinas serão aplicadas em cerca de 600 mil crianças de até 8 anos nas próximas semanas.
Segundo a reportagem da Agência Brasil, Tedros usou a rede social X (antigo Twitter) para informar que a OMS, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), planeja realizar duas rodadas de vacinação na região.
The detection of #polio in wastewater in #Gaza is a tell-tale sign that the virus has been circulating in the community, putting unvaccinated children at risk.
In coordination with the Ministry of Health, @WHO, @UNICEF, @UNRWA and partners are preparing two rounds of polio…
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) August 7, 2024
“Precisamos de absoluta liberdade de circulação de profissionais de saúde e do equipamento médico para realizar essas operações complexas com segurança e eficácia”, disse Tedros.
O diretor-geral da OMS destacou que a presença do vírus da pólio em amostras de esgoto na Faixa de Gaza é um indício claro de que a doença está circulando, colocando em risco crianças não vacinadas.
“Um cessar-fogo ou, pelo menos, dias de tranquilidade durante a preparação e a execução das campanhas de vacinação são necessários para proteger as crianças em Gaza contra a pólio”, acrescentou Tedros.
O vírus da pólio é altamente infeccioso e transmitido principalmente por via fecal-oral. Ele pode invadir o sistema nervoso central e causar paralisia. Estima-se que uma em cada 200 infecções resulte em paralisia irreversível, geralmente nas pernas. Entre os afetados, de 5% a 10% morrem devido à paralisia dos músculos respiratórios.
Desde 1988, os casos de pólio no mundo diminuíram 99%, passando de 350 mil para seis casos relatados em 2021, graças às campanhas de vacinação em massa. No entanto, ainda são necessários esforços para erradicar o vírus completamente.
A OMS alerta que crianças com menos de cinco anos estão mais vulneráveis à pólio em Gaza, especialmente bebês de até dois anos, já que as campanhas de vacinação de rotina foram interrompidas devido a quase dez meses de conflito na região.
Além da pólio, a OMS relatou um aumento nos casos de hepatite A, diarreia e gastroenterite em Gaza, à medida que as condições sanitárias se deterioram, com esgoto sendo despejado em ruas próximas a acampamentos de deslocados.