Em um experimento recente, um peixe bodião-limpador-de-faixa-azul (Labroides dimidiatus) demonstrou comportamentos que indicam um nível de autoconsciência nunca antes observado em animais não humanos. Publicado no Scientific Reports na última terça-feira (11), o estudo revelou que o bodião-limpador é capaz de se observar no espelho e analisar seu tamanho corporal antes de decidir se atacaria outros peixes ligeiramente maiores ou menores.
O trabalho foi liderado por pesquisadores da Escola de Pós-Graduação em Ciências da Universidade Metropolitana de Osaka, no Japão, e traz novas perspectivas sobre a mente dos animais. Ao utilizar a imagem refletida no espelho como uma ferramenta, o peixe parece capaz de projetar intenções e objetivos específicos, características que são elementos de autoconsciência.
Estudo revela comportamentos inéditos no peixe
No ano passado, a equipe de pesquisa já havia relatado que o bodião-limpador podia se identificar em fotografias através do autorreconhecimento no espelho. Porém, o novo experimento vai além, mostrando comportamentos mais complexos. Os peixes se observavam no espelho, instalado em um tanque, para verificar seu próprio tamanho corporal em relação aos outros peixes, sugerindo que previam o resultado de lutas baseadas nessa análise.
“Os resultados de que os peixes podem usar o espelho como uma ferramenta podem ajudar a esclarecer as semelhanças entre a autoconsciência humana e animal não humana e fornecer pistas importantes para elucidar como a autoconsciência evoluiu”, afirmou Taiga Kobayashi, aluno de pós-graduação da OMU e líder do estudo, à CNN. A descoberta abre portas para novas pesquisas sobre a mente animal e a evolução da autoconsciência.
Evolução da autoconsciência nos animais
A pesquisa conduzida pela Escola de Pós-Graduação em Ciências da Universidade Metropolitana de Osaka leva a uma questão fascinante: Como a autoconsciência evolui nos animais? Este comportamento observado no bodião-limpador pode indicar que a autoconsciência não é exclusiva dos mamíferos e aves, como se acreditava anteriormente.
Historicamente, testes de espelho foram realizados principalmente com primatas, golfinhos e alguns pássaros, todos animais considerados com alta inteligência. A capacidade do bodião-limpador de usar um espelho para autoanálise representa uma descoberta significativa e levanta questões sobre a evolução da mente em espécies aparentemente menos complexas.
Os resultados deste estudo podem ter diversas implicações para a biologia e psicologia animal. Entender que peixes podem ter uma forma de autoconsciência nos permite reconsiderar a complexidade das interações e capacidade cognitiva em várias espécies. O bodião-limpador pode se tornar um ponto central em futuras pesquisas que explorem a mente animal e a capacidade de autoavaliação em outras espécies aquáticas.