O Ministério da Igualdade Racial, sob a liderança da ministra Anielle Franco, anunciou recentemente a nomeação de Clédisson Geraldo dos Santos Junior como o novo secretário da Secretaria do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir). O antropólogo mineiro substituirá Yuri Silva, ativista baiano que foi exonerado, gerando reações intensas dentro do movimento negro.
A saída de Yuri Silva, que estava associado ao ex-ministro Silvio Almeida, acusado pela ministra Anielle de importunação sexual, foi justificada pelo ministério como parte de uma reestruturação interna. No entanto, essa justificativa não foi suficiente para acalmar as críticas do movimento negro que percebeu a exoneração como uma afronta às suas demandas.
Dentre os argumentos apresentados, as entidades afirmam que Silva, um jovem negro ativo nas causas religiosas e de juventude negra, foi primordial na formulação do Plano Juventude Negra Viva. A sua demissão foi interpretada como um distanciamento das pautas promovidas pelo movimento negro.
Perfil do novo secretário nomeado por Anielle Franco
Clédisson dos Santos, antes de assumir o novo cargo, atuava no gabinete da deputada federal Dandara Tonantzin e como secretário da Frente Parlamentar Mista Antirracismo do Congresso Nacional. Além dos cargos políticos, é pesquisador na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e já integrou grupos importantes, como o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial.
Ele afirmou sentir-se honrado pelo convite e destacou o compromisso de implementar políticas de igualdade racial que tenham impacto real nas cidades e estados brasileiros. Segundo a ministra Anielle, a experiência de Clédisson será vital para promover a articulação interfederativa necessária para avançar nessa agenda.
A exoneração de Yuri Silva levou a uma forte reação de terreiros e entidades negras que enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, expressaram seu descontentamento, acusando a ministra de falta de diálogo e de não reconhecer o valor de espaços religiosos afro-brasileiros. As entidades reivindicam uma negociação direta com o presidente para discutir o futuro das políticas voltadas para a questão racial.
A mudança na liderança do Sinapir ocorre em um período crítico para o movimento negro, que busca fortalecer políticas públicas de igualdade racial. A expectativa em torno da atuação de Clédisson dos Santos é alta, com esperanças de que ele possa promover um diálogo mais aberto e colaborativo entre o ministério e as entidades que representam a população negra do país.