O Rio Grande do Sul poderá ser atingido por uma chuva preta. Esse fenômeno é resultado de uma grande quantidade de fuligem suspensa na atmosfera, proveniente de uma pluma de fumaça que se desloca da Bolívia e da região amazônica em direção ao Sul do Brasil.
O mapa de dispersão de aerossóis do Sistema Copernicus, da União Europeia, prevê um cenário preocupante. Ele mostra um extenso corredor de fumaça se estendendo do Norte ao Sul do Brasil e atingindo também o Uruguai. Esse aumento na quantidade de fumaça se deve ao incremento significativo das queimadas na Bolívia e na Amazônia brasileira.
A fuligem e a Chuva Preta: O que está por trás dessa relação?
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os satélites detectaram 3.224 focos de calor entre 21h de quinta-feira e 21h desta sexta-feira. Esse foi o pior dia de queimadas na Amazônia em 2024, superando o recorde anterior de 2.433 focos de calor registrado recentemente.
Uma frente fria está avançando pelo Rio Grande do Sul neste fim de semana, prometendo trazer precipitações, embora de baixos volumes e de forma irregular. A combinação dessa instabilidade com a grande quantidade de fuligem presente na atmosfera pode resultar na ocorrência de chuva preta em diversas cidades do estado.
O que é a fuligem e como ela afeta a chuva preta?
A fuligem, também conhecida como soot, é um material particulado composto principalmente por carbono. Ela se forma pela combustão incompleta de materiais orgânicos como combustíveis fósseis e biomassa. Devido ao seu tamanho extremamente pequeno, essas partículas podem permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias.
Quando partículas de fuligem se misturam com a umidade das nuvens, elas agem como núcleos de condensação, ao redor dos quais as gotas de água se formam. Isso pode originar uma chuva contaminada por poluentes, que ao atingir o solo, pode afetar corpos d’água, solos e vegetação. Esse fenômeno é conhecido como chuva preta.
Como a chuva preta impacta o meio ambiente urbano?
No ambiente urbano, a chuva preta pode deixar uma camada de sujeira em superfícies como prédios, veículos e infraestrutura, causando degradação dos materiais e elevando os custos de manutenção. A presença de fuligem e a chuva preta são sinais preocupantes dos níveis de poluição atmosférica em diversas partes do mundo.
Como acontece o transporte da fuligem até o Rio Grande do Sul?
A fuligem que está chegando ao Rio Grande do Sul é transportada por uma corrente de jato de baixos níveis da atmosfera. Essa corrente de ar estreita percorre o interior da América do Sul, a Leste dos Andes, levando o material particulado até as latitudes médias do continente.
- Correntes de jato em baixos níveis geralmente se encontram a cerca de 1.500 metros de altitude.
- Elas atuam como corredores de vento nas camadas baixas da atmosfera, semelhante às principais correntes de jato, mas em menor escala.
- Essas correntes podem se estender por milhares de quilômetros, influenciando o clima de vastas regiões.