A seca e o calor extremo têm levado diversos municípios do interior de São Paulo a adotar ou prever racionamento de água. Cidades como Bauru e São José do Rio Preto, estão enfrentando sérios desafios no abastecimento hídrico. Rodízios e multas por uso excessivo de água são algumas das medidas tomadas pelas prefeituras para conter a crise.
De acordo com a Defesa Civil estadual, ao menos 53 municípios do Estado estão em emergência devido à seca e aos incêndios. No final de julho, eram dez cidades nessa condição.
Como a seca e os incêndios afetam o abastecimento de água?
Em Bauru, cidade com 380 mil habitantes, o racionamento teve início no dia 9 de maio. Para lidar com a queda no nível do reservatório do Rio Batalha, a cidade implementou manobras na rede de distribuição de água, direcionando-a para poços profundos. Atualmente, os bairros ficam 24 horas com água e 48 sem.
Em Rio Preto, a situação também é grave. Os 501 mil habitantes enfrentam risco iminente de racionamento, após um aumento no consumo de água devido aos incêndios que atingem a região. Desde janeiro até o último dia 12, o município registrou 47% menos chuva do que no ano passado, e a cidade está há 153 dias sem precipitação significativa.
Quais medidas estão sendo tomadas para mitigar os efeitos da seca?
Para atenuar os impactos da seca, várias prefeituras adotaram medidas para economizar água. Em Atibaia, por exemplo, o rodízio de água foi decretado, e a cidade foi dividida em três setores que recebem água em dias alternados. Além disso, multas foram estabelecidas para aqueles que lavam carros, calçadas ou regam jardins.
Em Vinhedo, onde o rodízio ocorre desde maio, a multa para desperdício é de R$ 663, dobrando em caso de reincidência. Segundo reportagem da CNN, moradores reclamam que a água retorna suja após o rodízio, resultado da alta velocidade do fluxo que carrega resíduos da tubulação. A empresa de saneamento local, Sanebavi, afirma que a rapidez no retorno da água é necessária para equilibrar a distribuição.
Impactos do sistema cantareira na grande São Paulo
O Sistema Cantareira continua sob atenção, com 55% de seu volume útil total e operando na faixa de alerta. Desde maio, ele vem sendo alimentado pela água da bacia do Rio Paraíba do Sul, mas ainda enfrenta dificuldades devido à seca hidrológica. Outros sistemas de abastecimento, como Rio Claro e Guarapiranga, também operam com volumes críticos.
A situação afeta bacias hidrográficas fundamentais para o abastecimento público. O Rio Piracicaba, por exemplo, está com uma vazão 60% abaixo da média para setembro, afetando cidades como Piracicaba e Americana. O baixo nível dos rios é agravado pela má qualidade da água, consequência da falta de tratamento de esgoto em algumas localidades a montante.
Previsões futuras
O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) aponta que a previsão meteorológica indica um possível atraso no início da próxima temporada de chuvas, prolongando o período de estiagem na maior parte do país. O cenário é influenciado pelo aquecimento do Oceano Atlântico, que favorece chuvas intensas em regiões fora do Brasil, reduzindo as precipitações locais.
A seca no Sudeste é resultado de uma combinação de fatores climáticos e ações humanas. A influência do fenômeno El Niño, a substituição de áreas florestais por campos agrícolas e as mudanças climáticas têm contribuído para um cenário cada vez mais crítico. As alterações no uso do solo reduzem a umidade ambiental e, consequentemente, as chuvas.
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