Su Entrelinhas

“É uma loja feita para arrancar dinheiro e enganar as pessoas”, diz cliente do negócio de Suzane von Richthofen

Para cumprir o resto de sua pena em liberdade, Suzane criou uma microempresa para atender aos requisitos da Lei de Execução Penal

Após cumprir metade de sua pena de quase 40 anos, Suzane von Richthofen, condenada por mandar matar os próprios pais em 2002, está, desde janeiro de 2023, livre para completar o resto do período fora da cadeia. Segundo a Lei de Execução Penal (LEP), para o cumprimento da pena em liberdade, o detento precisa ter um emprego.
Loja é especializada em confecções personalizadas – Créditos: Reprodução

Após cumprir metade de sua pena de quase 40 anos, Suzane von Richthofen, condenada por mandar matar os próprios pais em 2002, está, desde janeiro de 2023, livre para completar o resto do período fora da cadeia. Segundo a Lei de Execução Penal (LEP), para o cumprimento da pena em liberdade, o detento precisa ter um emprego. Portanto, como microempesária, ela abriu a “Su Entrelinhas”, loja de acessórios personalizados.

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“Todos produtos são produzidos à mão com muito amor e carinho pela Su. Por isso as encomendas demoram até 15 dias para chegar. Mas vale muito a pena esperar”, diz o site da loja. Suzane confeccionava desde sandálias até estofados. No início, ela postava vídeos na página da loja no Instagram, em sua máquina de costura produzindo as peças sozinha. Suzane chegou a fazer vendas internacionais, como para Itália e Japão.

 

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Entretanto, há uma semana, consumidores da Su Entrelinhas descobriram que, desde o início de sua gravidez, sete meses atrás, Suzane von Richthofen não estava envolvida na confecção dos produtos, e terceirizava o trabalho para três costureiras, sob o comando da ex-cunhada da detenta, Josiely Olberg, a Josi.

A revelação veio quando a cliente Pamela Siqueira comprou, em 7 de dezembro de 2023, sandálias havaianas personalizadas, por R$ 178. Após receber sua encomenda, a paulistana viu o endereço de entrega, Rua Espírito Santo 214 – Centro – Angatuba – SP. O problema é que, há mais de cinco meses, Suzane mora com seu novo companheiro, o médico Felipe Zecchini Muniz, em Bragança Paulista, cidade que fica a 270km de distância de Angatuba.

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Após a descoberta, Pamela desabafou em suas redes sociais, mas logo apagou. “Me senti ludibriada duas vezes. Primeiro porque achava que a encomenda chegaria antes do Natal. Segundo porque ela não customizou a sandália, como havia dito. Mas resolvi apagar a queixa porque tenho medo da Suzane. Até porque ela tem o meu endereço, né?”, disse ao blog True Crime, de Ulisses Campbell.

No endereço consultado por Pamela, funciona um escritório dos advogados Ivan Ferreira, Letícia Beltrami e Jaqueline Domingues. Jaqueline acompanha o caso da execução penal de Suzane, assim como a defende em processos cíveis, como a reivindicação de um imóvel da avó da ex-presidiária, Margot Gude Hahmann, morta em 2005 e que, mesmo após a morte de seu filho, perdoou a neta.

Outro caso de arrependimento vem do enfermeiro Diogo Castro. Para apoiar a ressocialização de Suzane, ele resolveu comprar uma carteira de R$ 70 da Su Entrelinhas. Diogo foi contatado por Josi, que disse que se ele comprasse outro item na loja, receberia uma chamada de vídeo de Suzane no dia de seu aniversário. O enfermeiro adquiriu, então, uma nécessaire de R$ 80.

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“Galera é o seguinte, os produtos da Suzane são bons. Ela é irresistível. Senti a sua voz macia. É impossível não se apaixonar”, registrou Diogo em um vídeo, após receber os produtos. Como combinado, Suzane fez uma chamada de vídeo com Diogo e agradeceu a contribuição.

No dia do aniversário do enfermeiro, ele mandou uma mensagem para a dona da Su Entrelinhas, mas não obteve resposta. Após ser ignorado mais uma vez, ele resolveu ligar e foi saudado por Josi. A gerente explicou que, para receber a chamada de Suzane, ele teria que comprar mais um produto. Com o baque, Diogo deletou todos os vídeos de elogios à marca, e deixou sua reclamação.

“Vou logo avisando. Estou chateado. A Su Entrelinhas é uma loja feita para arrancar dinheiro e enganar as pessoas”, disparou o enfermeiro, ainda aproveitando para chamar Josi de “picareta”.

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