No Brasil, a água doce disponível para consumo diminuiu 15,7% nos últimos 35 anos, o que é um nível alarmante. Essa quantidade é equivalente a uma área de 31 mil km², como se todo o Sistema Cantareira, que abastece a região metropolitana de São Paulo, tivesse sido esvaziado 16 vezes, segundo o Climatempo.
Essa análise foi feita por meio de imagens de satélites de todo território nacional que foram registradas entre os anos de 1985 e 2020. Iniciativa feita pelo MapBiomas, uma rede colaborativa de co-criadores formado por ONGs, universidades e empresas de tecnologia organizados por biomas e temas transversais.
Segundo o MapBiomas, o estado com a maior perda absoluta e proporcional de superfície de água foi o Mato Grosso do Sul, com uma redução de 57%. Entre os biomas o mais afetado foi o Pantanal.
“Se em 1985 o estado tinha mais de 1,3 milhão de hectares cobertos por água, em 2020 eram apenas pouco mais de 589 mil hectares”
O coordenador do MapBiomas Água, Carlos Souza Jr., comentou que o resultado é preocupante porque o sinal de tendência de redução de água no Brasil, com os dados de satélites, é bem claro. “As evidências vindas do campo já indicam que as pessoas já começaram a sentir o impacto negativo com o aumento de queimadas, impacto na produção de alimentos, e na produção de energia, e até mesmo com o racionamento de água em grandes centros urbanos”, alerta.
A região com o rio mais volumoso do planeta, a Amazônia, não escapou dessa situação. No período analisado, a redução observada foi de 10,4%.
“Isso é uma enormidade para a maior bacia hidrográfica do mundo”, ressalta Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.
Ainda é possível reverter esse cenário com políticas e gestão de recursos hídricos, segundo o MapBiomas. “O primeiro passo é ter um diagnóstico do problema na escala de bacias hidrográficas para identificar quais fatores estão comprometendo a disponibilidade de recursos hídricos. Segundo, é possível desenvolver um plano de ação multissetorial para mitigar e até mesmo reverter o problema. Mas, não podemos nos esquecer que boa parte da solução vai depender em reduzir as emissões de gases estufa para controlar o aumento da temperatura global”, acrescenta o coordenador da iniciativa.