EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO

Falsa médica dizia ser especialista em câncer e cobrava R$ 450 por consulta

Ela atuava há nove anos de forma ilegal, num dos centros médicos mais conhecidos de Maceió, em Alagoas

A mulher alegava ser médica nutróloga e atuava há nove anos de forma ilegal, num dos centros médicos mais conhecidos de Maceió, em Alagoas.
Mulher atuava como médica em Maceió sem ter qualquer formação na área – Créditos: Divulgação

Helenedja Oliveira tinha uma página pessoal e conta nas redes sociais, nas quais divulgava informações sobre saúde e se intitulava médica “especialista em emagrecimento pré-cirúrgico, tratamento de obesidade e oncologia metabólica.” Porém a Polícia Civil de Alagoas, durante investigação, descobriu que a mulher atuava sem qualquer formação em medicina. Helenedja está sendo indiciada por exercício ilegal da profissão e estelionato dos pacientes atendidos, que pagavam R$ 450 por consulta.

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Ela atuava há nove anos de forma ilegal, num dos centros médicos mais conhecidos de Maceió, em Alagoas. A mulher receitava remédios e solicitava exames utilizando um carimbo com “CRM/AL 81.420“, um número de registro inexistente.

Luci Mônica, delegada responsável pelo caso, informou que Helenedja ainda tentou alegar que atuava de forma legal. “Ao ser questionada, ela disse que o número era do Rio Grande do Sul, só que ela assinava a receita como se fosse de Alagoas. Detalhe que esse número de CRM não existe nem lá, nem cá”, disse em entrevista ao UOL. 

Agora, ela responde em liberdade, já que os crimes pelos quais a falsa médica é acusada não são classificados como potencial ofensivo, e portanto não cabe prisão.

Falsa médica atendia sem formação

Nesta segunda-feira (29), a polícia divulgou que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) confirmou que não há registro de Helenedja Oliveira ter algum dia estudado lá, por mais que a falsa médica divulgasse que era formada pela Faculdade de Medicina da UFRGS.

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A investigação teve início após o Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal) informar que havia recebido algumas denúncias sobre a mulher, alegando que ela estaria exercendo a profissão ilegalmente.

Em um caso acessado pelo UOL, a mulher solicitou 26 exames ao paciente e 25 deles foram cobertos pelo plano de saúde Unimed. Era comum que as pessoas que se consultavam com ela saíssem do consultório com uma lista de exames.

Nas redes sociais, as pessoas demonstraram indignação com o caso. Confira:

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A oncologia de Helenedja

Em suas redes sociais, Helenedja afirmava ser médica nutróloga que atuava na área da oncologia, ou seja, auxiliava os pacientes com câncer oferecendo tratamentos que poderiam interromper processos de anomalia na reprodução das células.

“Pacientes com câncer apresentam deficiência nutricionais e perca [sic] de peso. Devido a alteração do paladar e os [sic] efeitos colaterais do tratamento que contribuem para perda de peso. É fundamental o acompanhamento para promover o ganho de peso e a recuperação do estado nutricional para uma boa evolução do tratamento”, dizia texto do site da falsa médica.

Iris Campos Lucas, professora de gastroenterologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), disse que pessoas sem formação, ao lidar com pacientes frágeis como os oncológicos, podem piorar a situação. “Diferentemente de profissionais que se aproveitam da fragilidade dos pacientes nesse momento tão difícil e prescrevem suplementação sem comprovação científica. Os problemas vão desde perder tempo e dinheiro com algo sem efeito até fazer tratamento com suplementações e prejudicar órgãos como rins, fígado e coração”, afirmou.

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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