QUARTEL EM BARUERI

Justiça Militar torna réus 8 acusados de participar do furto de 21 metralhadoras em SP

Segundo o inquérito, armas foram oferecidas ao Comando Vermelho sem aliciamento direto dos criminosos, visando lucro com a venda

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Justiça Militar torna réus 8 acusados de participar do furto de 21 metralhadoras de quartel em SP – Créditos: Reprodução / Instagram

A Justiça Militar da União (JMU) acatou uma denúncia contra quatro militares e quatro civis que tiveram participação direta ou indireta no furto de 21 armas do Arsenal de Guerra do Exército de Barueri, na região metropolitana de São Paulo.

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Todos se tornaram réus neste mês, incluindo o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, que era diretor da unidade na época, além de um primeiro-tenente e dois cabos.

A GloboNews obteve acesso aos detalhes do roubo e aos nomes dos envolvidos citados na investigação.

Na sexta-feira (23), dois militares foram detidos pelo Exército após uma decisão da Justiça Militar. Desde então, estão sob custódia no 2º Batalhão de Polícia do Exército, em Osasco.

Além disso, o Exército optou por impor punições administrativas a 38 militares, que incluem detenções disciplinares que variam de um a 20 dias, dependendo da patente e do grau de envolvimento. Essa medida começou a ser aplicada em novembro do ano passado.

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Dezenove metralhadoras foram recuperadas, enquanto outras duas ainda estão sendo procuradas.

Como ocorreu o furto?

De acordo com o inquérito militar, o roubo das armas ocorreu em 7 de setembro de 2023, entre 14h30 e 15h.

Os cabos arrombaram o depósito de armamento do Arsenal de Guerra de São Paulo, desativaram o alarme e carregaram 13 metralhadoras .50 M2 HB Browning, oito metralhadoras 7,62 M971 MAG e um fuzil 7,62 M964 em uma caminhonete.

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Um dos cabos, auxiliado por outro, dirigiu o veículo para fora do depósito sem ser revistado, pois o primeiro-tenente Cristiano Ferreira ordenou que não revistassem a viatura do diretor.

As armas foram oferecidas ao Comando Vermelho sem aliciamento direto dos criminosos, visando lucro com a venda, segundo o inquérito.

Militares e civis participaram

A denúncia aceita pela Justiça Militar divide os militares em duas categorias: participação direta e participação indireta no furto das armas. Foram classificados como participação direta Vagner da Silva Tandu, cabo do Exército Brasileiro (preso), réu por peculato e furto em concurso com o cabo, e Felipe Ferreira Barbosa, também cabo do Exército Brasileiro (preso), réu por peculato e furto em concurso com o cabo Vagner da Silva Tandu.

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Já por participação indireta foram classificados Rivelino Barata, tenente-coronel e então diretor do Arsenal de Guerra do Exército de Barueri, réu por inobservância de lei, regulamento ou instrução, cometida por negligência, e Cristiano Ferreira, primeiro-tenente do Exército, réu por inobservância de lei, regulamento ou instrução, cometida por tolerância, e por peculato culposo.

O inquérito aponta que o então comandante do quartel não teve participação direta no furto, mas responde por negligência ao não impedir o crime.

Rivelino Barata foi exonerado do cargo de diretor do Arsenal da Guerra após a confirmação do desvio das armas, mas permanece no Exército, atualmente lotado na Diretoria de Fabricação.

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Questionado sobre o paradeiro do primeiro-tenente, o Comando Militar do Sudeste apenas mencionou que o Inquérito Policial Militar foi encaminhado à Justiça Militar da União, mantendo o sigilo sobre o caso. Não houve manifestação sobre a localização do militar.

Junto com os quatro militares, quatro civis foram acusados de receptação. Alguns deles têm vínculos com o grupo criminoso Comando Vermelho. Um dos civis é parente de um dos militares e supostamente esteve envolvido no planejamento do roubo, além de ter contatado membros da facção para negociar a venda das armas.

Um quinto indivíduo mencionado no inquérito militar faleceu em um confronto armado com as forças de segurança em uma operação separada, não relacionada à investigação sobre o roubo das armas.

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