A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou nesta terça-feira (22) a Operação 13 Aldeias, com o objetivo de combater uma quadrilha que atua de dentro dos presídios. O grupo realiza centenas de golpes diários por celular e movimentou quase R$ 70 milhões entre janeiro de 2022 e maio deste ano.
O Povo de Israel, uma organização criminosa, foi fundada em 2004 por indivíduos renegados de outras facções, com muitos de seus membros possuindo históricos de crimes sexuais. Nos últimos 20 anos, essa facção expandiu sua influência, alcançando presença em 13 unidades prisionais do estado do Rio de Janeiro, conhecidas como “aldeias”. Atualmente, o grupo é responsável por cerca de 42% da população carcerária, envolvendo aproximadamente 18 mil detentos.
Sua operação se destaca pelo uso extensivo de celulares dentro dos presídios, tecnologia que é obtida e utilizada de maneira ilegal. Através desses dispositivos, os membros da facção executam golpes que têm como alvo tanto indivíduos quanto empresas. O principal esquema de fraude envolve telefonemas de falso sequestro, onde os criminosos se passam por parentes das vítimas, exigindo resgates financeiros.
Como operam os golpes do falso sequestro?
Os golpes do falso sequestro começam dentro das celas, de onde os prisioneiros fazem ligações aleatórias fingindo ser membros da família das vítimas supostamente mantidos em cativeiro. Ao capturar a atenção da vítima, outro membro da facção assume a chamada e começa a exigir dinheiro para libertar o “refém”. Este método de extorsão não é o único empregado pelo grupo; eles também ligam para lojistas se passando por traficantes locais, ameaçando os comerciantes para extorquir dívidas inexistentes.
Há indivíduos na organização do Povo de Israel responsáveis por obter os celulares, conhecidos como “empresários”, enquanto outros, chamados de “ladrões”, realizam as chamadas de extorsão. Fora dos presídios, os “laranjas” são designados para receber e movimentar o dinheiro ilicitamente obtido.
Quais medidas estão sendo tomadas pelas autoridades?
A Polícia Civil do Rio de Janeiro, em conjunto com o Ministério Público e outras entidades de segurança, lançou a Operação 13 Aldeias para desmantelar a facção criminosa. Durante a operação, foram emitidos 44 mandados de busca e apreensão, atingindo inclusive cinco policiais penais suspeitos de colaborar com os criminosos. As ações ocorreram em diversos locais no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, com alvos abrangendo desde estabelecimentos comerciais até residências nas zonas norte e sul da capital.
Além de capturar celulares e outros dispositivos usados para a execução dos crimes, a operação mira também em propriedades que participam da lavagem de dinheiro resultante das extorsões. Um exemplo é uma joalheria na Zona Sul do Rio de Janeiro que estaria envolvida na circulação desses fundos ilícitos.
O Presídio Nelson Hungria, localizado no Complexo Penitenciário de Gericinó, é identificado como a “central da extorsão” da facção. A prisão desempenha um papel fundamental nas operações do grupo e serve como quartel-general para suas atividades.
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