AS ARTES EM LUTO

Quem foi Zé Celso Martinez Corrêa?

Paulista de Araraquara, o revolucionário dramaturgo é considerado um ícone do teatro no Brasil

Quem foi Zé Celso Martinez Corrêa?
O dramaturgo José (Zé) Celso Martínez Corrêa faleceu hoje, quinta-feira (6), em São Paulo; ele é considerado um revolucionário do teatro brasileiro (Crédito Foto: Reprodução)

O dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa morreu na manhã desta quinta-feira (6), em São Paulo. O estado de saúde do dramaturgo teve um agravamento na quarta-feira (5), quando desenvolveu quadro de insuficiência renal após incêndio em seu apartamento na capital paulista.

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Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas após o incêndio, mas não resistiu aos ferimentos. Zé Celso (como era mais conhecido) teve 53% do corpo atingido por queimaduras, ficou sedado, entubado e com ventilação mecânica.

José Celso Martinez Corrêa, nasceu em Araraquara (SP), em 30 de novembro de 1937. Ele foi um dos fundadores do Teatro Oficina, formado inicialmente por estudantes de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP). Zé Celso foi amigo de infância do escritor Ignácio de Loyola Brandão, também araraquarense.

Neste grupo criado junto ao Centro Acadêmico XI de Agosto/USP, um de seus primeiros textos foram encenados: “Vento Forte para Papagaio Subir” (1958) e “A Incubadeira” (1959).

Zé Celso se profissionalizou junto com o Oficina, no início da década de 1960, quando a sede do grupo se transferiu para o teatro da Rua Jaceguai. E, em 1963, ele dirigiu Pequenos Burgueses, de Máximo Gorki, que teve um sucesso estrondoso e rendeu diversos prêmios.

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Depois de sofrer um incêndio, o teatro foi reformado. A primeira montagem dessa nova fase foi O Rei da Vela, em 1967, com base num texto escrito por Oswald de Andrade na década de 1930. Em seguida, foi montada a peça de Na Selva das Cidades (1969), de Bertolt Brecht.

Em 1974, foi preso pela ditadura militar e se exilou em Portugal. Lá, ele realizou o filme O Parto, por ocasião da Revolução dos Cravos. No ano seguinte, foi a Moçambique, onde filmou a independência do país. Zé Celso voltou para São Paulo em 1978 e retomou o trabalho à frente do Oficina, agora transformado em UzynaUzona.

Desde o início dos anos 2000, lutava contra o Grupo Silvio Santos, que busca construir um empreendimento comercial nos arredores do Teatro Oficina, projeto da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi. O dramaturgo também atuou no cinema no filme Encarnação do Demônio (2007), de José Mojica Marins, o Zé do Caixão.

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Zé Celso trabalhou com grandes atores, tais como: Augusto Boal, Henriette Morineau, Fernanda Montenegro, Sérgio Britto, Raul Cortez, Bete Coelho; e também encenou e dirigiu peças de autores consagrados, entre eles Chico Buarque, William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Max Frisch, Oswald de andrade, Bertolt Brecht e Máximo Gorki.

Revolucionário, inovador e polêmico: estas foram apenas algumas das características atribuídas a ele em seu trabalho nas artes cênicas do Brasil. A escritora, produtora cultura e também dramaturga, Clotilde Tavares, reiteoru que a obra de Zé Celso tem caráter “orgiástico e antropofágico” (o adjetivo orgiástico se refere às festas ritualísticas em homenagem a Dioniso, para os gregos, ou Baco, para os romanos)

Há um mês, ele se casou oficialmente com o também diretor Marcelo Drummond, 60 anos, nas dependências do Teatro Oficina. Zé Celso e o marido se conheceram em 1986 e logo depois já estavam morando juntos.

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