Cientistas descobriram um corante alimentício comumente que pode tornar a pele de camundongos temporariamente transparente. A pesquisa, publicada na revista Science, focou em utilizar a substância para visualizar o funcionamento dos órgãos dos animais.
A descoberta abre portas para avanços significativos na pesquisa biomédica. Com possíveis aplicações médicas em humanos, a técnica envolve o uso da tartrazina, um corante amarelo, que quando aplicado em camundongos, torna a pele deles transparente sem causar danos.
A substância que torna pele transparente
Os cientistas aplicaram uma mistura de água e tartrazina na pele raspada de camundongos, observando que não houve danos permanentes. A lavagem simples da solução revertia o processo, deixando a pele dos animais como antes. Zihao Ou, autor do estudo, comentou em entrevista à CNN que “para aqueles que entendem a física fundamental por trás disso, faz sentido; mas se você não está familiarizado com o conceito, parece um truque de mágica”.
Esse corante funciona aumentando a transmissão de luz através da pele, ao mesmo tempo que suprime a dispersão do brilho. O processo é comparado à dissipação de uma névoa, onde o índice de refração da parte aquosa do tecido é ajustado para combinar com o das proteínas e gorduras presentes na pele.
A aplicação dessa técnica em humanos ainda não foi testada, mas há possibilidades. A tartrazina é certificada pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) para uso em alimentos, mas a dosagem e os métodos precisariam ser adaptados para a pele humana, que é muito mais espessa que a dos camundongos.
As aplicações potenciais incluem:
- Melhoria na visibilidade das veias para coleta de sangue ou administração de fluidos.
- Detecção precoce de câncer de pele.
- Facilitação de tratamentos como terapias fotodinâmicas e fototérmicas.
- Remoção mais simples de tatuagens a laser.
Como funciona o processo?
O método envolve a combinação de um corante amarelo com a pele, que resulta em uma transparência temporária. A fórmula e a técnica usadas são simples, mas altamente eficazes, permitindo a visualização de estruturas internas em tempo real.
Os cientistas testaram inicialmente o corante em peitos de frango antes de realizar os testes em camundongos vivos. Ao aplicar a solução de tartrazina na pele, eles notaram que os vasos sanguíneos e outros órgãos internos se tornaram visíveis através da pele transparente.
Guosong Hong, professor assistente de ciência dos materiais em Stanford, ressaltou as amplas aplicações dessa tecnologia em humanos, uma vez provada sua eficácia. Ele observou que poderia facilitar procedimentos médicos e diagnóstico de doenças, além de melhorar terapias de luz e remoção de tatuagens.
Comparado com métodos existentes que utilizam soluções que causam efeitos colaterais, como desidratação e inchaço, a tartrazina apresenta uma abordagem mais segura e eficiente. Christopher Rowlands, do Imperial College London, admirou a simplicidade e eficácia da técnica, mencionando que “simplesmente funciona“.
Os efeitos do corante são de curta duração e facilmente revertidos, oferecendo uma maneira inovadora para visualização de processos biológicos em tempo real, sem os efeitos adversos associados aos métodos tradicionais.