De onde veio a ideia de cidades-esponja?
O conceito é uma criação do arquiteto, urbanista e paisagista chinês Kongjian Yu. Em 2012, a capital chinesa Pequim passou por uma enchente que tirou a vida de mais de 80 pessoas. Consequentemente, o evento gerou uma mobilização para reverter a situação.
No caso de Yu, a solução foram estudos sobre absorção das águas. Seus projetos de parques alagáveis, por exemplo, se tornaram referência para a primeira cidade-esponja do mundo na China. Então, o governo chinês lançou um programa que incentiva a infraestrutura sustentável, com áreas naturais e elementos de água, ao invés de uma arquitetura cinza, baseada em cimento e concreto.
Como funciona?
Um dos principais aspectos dessa invenção é a permeabilidade do solo. Para isso, toda superfície deve estar em contato com um espaço que possa ser inundado de forma segura. Isso valeria, por exemplo, para estacionamentos, parques, praças e ruas.
O arquiteto e urbanista especialista em sustentabilidade Sergio Myssior explicou à CasaCor que essa configuração também é útil na luta contra ondas de calor. “Quando a gente analisa diversos indicadores das cidades brasileiras, especialmente nas regiões metropolitanas, a gente percebe uma frequência de eventos catastróficos como enchentes, inundações, deslizamentos de terra e vetores de doença como dengue, além de efeitos como ilhas de calor”, disse.
É possível implementar no Brasil?
Algumas cidades brasileiras já aderiram a algumas técnicas das cidades-esponja. São Paulo, Niterói e Belo Horizonte possuem jardins de chuvas e áreas permeáveis. Entretanto, não temos nenhum município que possa ser classificado como cidade-esponja.
“O grande desafio é você integrar as políticas de desenvolvimento da cidade e urbana com as ações de sustentabilidade para que se crie um ciclo virtuoso na cidade. Não se trata de criar ‘novas cidades’, mas sim de aproveitar a capacidade que as mesmas possuem de se transformar e regenerar. Mas para isso, é necessária a ação do poder público, sociedade civil, empresas. Todos os setores engajados”, advertiu Myssior.
Não será uma estratégia barata, mas é importante lembrar que as inundações também têm seus custos. O valor inicial da reconstrução do Rio Grande do Sul, por exemplo, será de R$19 bilhões.