
Com o passar dos anos, a preocupação com o meio ambiente tem sido cada vez mais discutida e incentivada. A Geração Z, que engloba os nascidos entre o final dos anos 1990 até o começo dos anos 2010, é sempre muito engajada em causas sociais. É uma juventude que tem interesse em pautas como feminismo, racismo, a comunidade LGBTQIA+ e também sustentabilidade.
Em contrapartida, aqueles mais envolvidos com o mundo da moda e as suas tendências, querem estar sempre a par do que todos estão usando. Essa necessidade de estar incluído dificulta a priorização do consumo sustentável e valoriza a chamada fast fashion, já que, na internet, as ‘trends’ circulam muito rápido.

Um estudo realizado pela plataforma independente FFW, em parceria com a consultoria estratégica Dezon, consultou mais de 400 entrevistados, com ênfase na participação das gerações Z e Millennial, especialmente da região Sudeste, epicentro das tendências de consumo. A pesquisa mostrou que devido às adversidades, quase 80% dos entrevistados deixariam de consumir marcas de fast fashion.
‘Geração Z’ X Consciência Social
Aqueles que não deixariam de consumir a “moda rápida” defendem dois pontos principais: o fácil acesso às tendências e os preços mais baixos. O diretor executivo da FFW, Augusto Mariotti, explica que nesses casos, a questão financeira tende a deixar de ser prioridade de acordo com a idade dos consumidores.
“Eu gosto de comprar roupas que estão na moda e a fast fashion me permite isso porque é mais barato. Aí eu não me arrependo se eu não gostar, porque não foi uma coisa super cara”, conta Giovanna Lara, 26, estudante de medicina.
Entretanto, 73% dos entrevistados enxergam as práticas do fast fashion, como transparência e problemas que atingem o meio ambiente, de forma negativa. Ainda assim, 21% das pessoas que responderam, não deixariam de comprar por conta do fácil acesso às tendências e dos preços mais baixos.
A falta de informações na fast fashion
Um dos motivos que levou a Geração Z a procurar marcas consideradas ‘honestas’ diz respeito à falta de informações claras sobre as leis trabalhistas aplicadas no mercado de fast fashion. O local onde as roupas são produzidas, muitas vezes, é um mistério. Um exemplo é o escândalo envolvendo a Zara Brasil. Em 2011, a empresa foi alvo de uma investigação sobre trabalhadores em situação análoga à escravidão.
Em 2017 a justiça decidiu que a Zara é a responsável pelo caso de trabalho análogo à escravidão registrado na cadeia produtiva da marca. Desde então, investidores da holding Inditex, dona da Zara, querem que a marca proporcione uma lista completa de seus fornecedores.
Para deixar de consumir essas marcas, a Geração Z tem optado por moda de uma forma orgânica, com conceitos mais sustentáveis, como os brechós. Segundo o relatório de 2024 do thredUp, plataforma de brechó on-line popular nos Estados Unidos, o mercado global de vestuário de segunda mão deve alcançar um lucro de $350 bilhões até 2028, crescendo 3 vezes mais do que o mercado como um todo.
* Sob supervisão de Lilian Coelho