Alta dos preços

Inflação no governo Bolsonaro atinge o maior patamar em um mandato desde a 1ª gestão de Dilma

Segundo o especialistas, foram vários os fatores que influenciaram o resultado ao longo dos últimos quatro anos, a maior parte vinda como reflexo da pandemia de Covid-19.

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Jair Bolsonaro (Crédito: Mateus Bonomi/Getty Images)

A inflação no governo Bolsonaro (2019-2022) chegou a 26,93%, atingindo o maior patamar para um mandato desde o primeiro governo de Dilma Rousseff (2011-2014), com 27,03%. Os dados foram compilados por Einar Rivero, da consultoria TradeMap, a pedido do G1. O levantamento já considera o resultado final do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022, divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (10).

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A sondagem ainda traz a comparação do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e que é conhecido como a “inflação do aluguel”, por servir como base para o reajuste de grande parte desses tipos de contrato.

Considerando o IGP-M, os dados registrados no governo de Jair Bolsonaro (PL) ficaram em 64,11%, os maiores desde o segundo governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que aconteceu entre 1999 e 2003 (82,66%).

Nesta terça-feira (10), o IBGE divulgou o IPCA que, em dezembro de 2022, ficou em 0,62%. Como um todo, o indicador do ano passado ficou em 5,79%. Esse foi o quarto ano consecutivo em que os preços ficaram acima do teto da meta, que era de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (5%).

Segundo o especialistas ouvidos pelo G1, foram vários os fatores que influenciaram nos preços brasileiros ao longo dos últimos quatro anos, a maior parte vinda como reflexo da pandemia de Covid-19. Entre os exemplos, estão: desvalorização do câmbio, episódios climáticos que prejudicaram a agricultura e a guerra na Ucrânia.

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Para o economista da ASA Investments Leonardo Costa, a variação dos preços brasileiros ilustra “dois mundos distintos”: o de antes da pandemia e o de depois da pandemia, com efeitos vindos tanto do quadro doméstico quanto do internacional. “A pandemia veio como um fator exógeno gigante. Por aqui, tivemos uma desvalorização brutal do câmbio e, apesar de o impacto adicional na atividade de serviços ter mantido a inflação do setor relativamente baixa, tivemos outros efeitos de alta nos preços, vindos principalmente de alimentação e bens”, afirma.

Na parte doméstica, especialistas afirmam que esse aumento reflete bastante do comportamento do brasileiro no período , que, sendo obrigado a ficar em casa, acabou aumentando seu consumo de alimentos no domicílio e de bens.

Internacionalmente, a disparada dos preços das commodities (que depois ainda foi agravada por conta da guerra na Ucrânia) e as restrições de oferta nas cadeias produtivas, por exemplo, também se refletiram no IPCA ao longo dos últimos anos.

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Agora, a análise é de que o cenário internacional mais ameno deve dar uma folga à inflação brasileira.

Em relação à China, falta vermos como o país deverá caminhar após o fim de sua política de ‘Covid zero’. Alguns analistas já indicam que o crescimento do gigante asiático deve vir mais baixo, mas essa é uma desaceleração que já está na conta do mercado. De qualquer forma, é preciso avaliar como tudo isso deve caminhar”, diz Costa.

Já no ambiente doméstico, o principal alerta fica para os preços dos combustíveis, que tendem a aumentar a partir do momento em que volte a cobrança dos tributos federais em produtos que foram desonerados no ano passado. No dia de sua posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou uma medida provisória que prorroga a desoneração sobre o etanol e a gasolina até o final de fevereiro. Já os impostos sobre o diesel, por sua vez, devem ficar zerados até o final deste ano.

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“Além disso, também devemos ficar de olho nas incertezas fiscais. O Haddad [ministro da Fazenda], por exemplo, já mencionou que deve entregar a proposta para um novo arcabouço fiscal em abril, o que é muito importante para as expectativas de inflação”, completa.

 

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