"não negociável"

Milei quer fechar o Banco Central: Saiba das consequências

Presidente busca também dolarizar a moeda, cortar gastos públicos e vender estatais para tentar frear a inflação e estabilizar a economia

"Fechar o Banco Central é uma obrigação moral, e dolarizar (a economia) é uma maneira de nos livramos do Banco Central", disse o novo presidente da Argentina, Javier Milei, um dia após sua eleição.
(Créditos: Divulgação)

“Fechar o Banco Central é uma obrigação moral, e dolarizar (a economia) é uma maneira de nos livramos do Banco Central”, disse o novo presidente da Argentina, Javier Milei, um dia após sua eleição. Como é certamente uma das medidas mais drásticas propostas pelo neoliberal, há dúvidas se o processo será concretizado e como repercutirá na economia do país.

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Como Milei não detalhou seus projetos durante sua campanha, os pormenores da decisão ainda não são claros. Na última sexta-feira (24), o gabinete do novo presidente emitiu uma nota, confirmando que o fechamento do Banco Central “não é um assunto negociável”. Porém, o provável ministro da economia, Luis Caputo, se posicionou de forma mais moderada: “Nosso ‘approach’ é um ‘choque’ fiscal e monetário desde o primeiro dia, o roteiro é ortodoxo e sem loucuras”. Resta esperar os próximos passos do novo governo.

O que é o Banco Central?

Entidade existente no Brasil, um banco central é responsável pela regulação do mercado financeiro, fixação de taxas de juros, impressão de dinheiro, dentre outras funções. Sem a instituição, um país também não pode emprestar dinheiro a bancos para fechar o caixa, a fim de evitar operações irregulares e prejuízos ao clientes.

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Um banco central também auxilia o país em eventuais crises enfrentadas, equilibrando e adaptando suas finanças de acordo com o cenário mundial.

Economia na Argentina e dolarização

Javier Milei herdará a maior inflação em quase 30 anos: 120%. Dados também apontam que mais de 40% dos argentinos encontram-se abaixo da linha da pobreza, além da dívida externa bilionária do país, problema que, com a falta de reservas nacionais, é agravado.

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Como resposta a essas questões, o novo presidente busca dolarizar a moeda do país, cortar os gastos públicos e vender empresas estatais.

Ao dolarizar uma economia, as decisões monetárias dependem do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, além da taxa de juros estar atrelada àquela do país norte-americano.

O receio é que o processo traga escassez da moeda para pagamentos por cidadãos e empresas. A dolarização também pode dificultar as exportações, que dependem da cotação da moeda estadunidense, e também afastar a atividade turística.

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O fim de um banco central não significa, entretanto, a extinção de suas atividades. Outras instituições assumirão suas responsabilidades. “Essa coisa de acabar com o BC é uma figura retórica. Vai criar outras autarquias, que podem ter outros nomes para fazer a mesma coisa. Pequenos países que dolarizaram ainda têm instituições que tomam conta do setor bancário, de questões de lavagem de dinheiro. Todas essas coisas vão ter que ser feitas”, afirma Tony Volpon, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC em 2015 e 2016.

Futuro

Volpon afirma que o plano dependerá de quem for nomeado por Milei para os cargos econômicos do país. “Se o governo Milei começa com o pessoal do [ex-presidente] Macri, não quer fazer muita aventura. Vai ficar a tensão entre ter um governo com gente que não quer radicalizar e um presidente que quer radicalizar”, explica.

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