'CHOCANTE'

Vencedor de Nobel de Economia diz que taxas de juros do Brasil equivalem a ‘pena de morte’

Economista participou de seminário promovido pelo BNDES.

Vencedor de Nobel de Economia diz que taxas de juros do Brasil equivalem a 'pena de morte'
Economista criticou política monetária do Banco Central (Crédito: Stefano Guidi/Getty Images)

Joseph Stiglitz, professor da Universidade de Columbia e vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2011 disse que a taxa de juros no Brasil equivale a uma “pena de morte”. Ele participou do seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, promovido pelo BNDES.

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“A taxa de juros de vocês é, de fato, chocante. Uma taxa de 13,75%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte”, declarou.

O vencedor no Prêmio Nobel é crítico à política monetária desenvolvida pelo Banco Central (BC) e, apesar de não ter citado diretamente a instituição, não deixou de fazer duras críticas ao formato da instituição e sua consequente influência sobre as taxas de juros.. “Um Banco Central independente e com mandato só para inflação não é o melhor arranjo para o bem-estar do País como um todo”, declarou. Ele atribuiu à existência de bancos estatais como o BNDES a sobrevivência da economia do Brasil, “oferecendo fundos a empresas produtivas para investimentos de longo prazo com juros menores”.

Segundo o economista, uma política monetária mais bem desenvolvida poderia ter influenciado e proporcionado um crescimento muito maior do que o registrado no país nas últimas décadas. Os juros altos teriam desencorajado investimentos que poderiam ter transformado o país em uma economia industrial relevante no cenário internacional ao invés da posição de exportador de commodities.

“As questões do Brasil são mais urgentes do que em outros países ao redor do mundo. O Brasil sempre foi descrito como o país do futuro, mas o futuro continua sempre deixado para o futuro”, explicou. Ele também ressaltou a necessidade de buscar “modelos econômicos alternativos”, além de reduzir a desigualdade e adaptar-se à transição verde.

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Stiglitz também criticou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, dizendo que a economia teve uma piora na devido ao ser regido por um “presidente não indutor de crescimento econômico”. Ele atribuiu as baixas taxas de crescimento e os altos índices de desemprego e informalidade, além da queda na renda das famílias à antiga gestão.

Depois da palestra, Joseph Stiglitz também falou sobre o último governo a jornalistas. “A política econômica anterior foi um desastre. Acho que qualquer pessoa que olhe para a transição entre Bolsonaro e Lula fica muito otimista. Até porque os dois governos anteriores de Lula foram muito bons economicamente”, declarou. Ele admitiu, no entanto, que a situação global é diferente e mais difícil do que nos mandatos anteriores do atual presidente além dos problemas herdados do governo anterior.

Ele ainda elogiou a política de distribuição de renda da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com Stiglitz, o Brasil era um país em que a desigualdade diminuía enquanto em outros países aumentava, mas esta curva mudou depois dos últimos governos. “Agora, você toma conhecimento de políticas para o aumento do salário mínimo, o que vai ajudar a melhorar a distribuição de renda. Há, portanto, uma visão que claramente não existia antes”, declarou.

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