racismo

“Eu estou péssima”, revela cantora após ter seu cabelo revistado em aeroporto

“Eu já tinha passado a mala do scanner, e eu mesma já tinha passado no scanner corporal. A mulher me diz ‘tenho que olhar seu cabelo’. Eu olho pra ela aterrorizada com a violência desse ato”, explicou Luciane em suas redes sociais

A cantora negra Luciane Dom postou, em suas redes sociais que, ao embarcar em uma viagem no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, os agentes de segurança do local solicitaram a revista de seu cabelo, que tem o estilo "Back Power". A cantora está no processo de divulgação de sua nova canção, "É Natal".
Luciane estava indo para São Paulo para divulgar sua nova música, “É Natal” – (Créditos: Divulgação

A cantora negra Luciane Dom postou, em suas redes sociais que, ao embarcar em uma viagem no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, os agentes de segurança do local solicitaram a revista de seu cabelo, que tem o estilo “Back Power”. A artista está no processo de divulgação de sua nova canção, “É Natal”.

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“Chego no aeroporto Santos Dumont e sou parada por uma ‘revista aleatória’, minutos antes de embarcar”, relata.

“Eu já tinha passado a mala do scanner, e eu mesma já tinha passado no scanner corporal. A mulher me diz ‘tenho que olhar seu cabelo’. Eu olho pra ela aterrorizada com a violência desse ato. Ela chama o superior. Meu dia acabou”, ainda completou a cantora.

Luciane recebeu apoio majoritário da internet, assim como relatos de outras pessoas que viveram situações semelhantes. Entretanto, comentários racistas também foram proferidos contra a cantora. Um internauta tentou explicar que algumas pessoas escondem drogas nos cabelos para passarem pela revista ilesas.

 

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“Infelizmente, casos como esses não são pontuais. Nosso corpo e nosso cabelo precisam ser respeitados”, opinou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A parlamentar relembrou um caso parecido sofrido por sua irmã, Marielle, em 2017. “No aeroporto de bsb, meu corpo e até meu cabelo foi revistado [sic]. Sim, meu black incomoda, minha negritude incomoda!”, publicou a vereadora, assassinada em 2018.

Luciane continuou explicando a situação: “Então, eu lá, sozinha naquele scanner, meus amigos do musical que faço parte já tinham entrado [no avião]… Abri os braços, o scanner corporal não tinha apitado, nada na minha mala, revistaram tudo. Mas essa questão do cabelo pega muito. [O cabelo] pega muito porque a gente está falando há tantos anos sobre ancestralidade, sobre estética, sobre beleza. A gente está em 2023 e ainda tem uma galera já do movimento negro há muitos anos falando sobre isso e a parada parece que não muda”.

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Em resposta, a Infraero esclareceu que Luciane foi selecionada para uma revista aleatória e que imagens das câmeras de segurança confirmaram que não houve nenhuma inspeção no cabelo.

“Importante ressaltar que a inspeção de segurança aleatória é independente de origem, raça, sexo, idade, profissão, cargo, orientação sexual, orientação religiosa ou qualquer outra característica do passageiro”, diz a nota.

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