Maurício Maas era uma criança inquieta: ficava batucando em pratos, fazendo sons, e tocando bateria com garrafas PET. Quando encontrou um curso livre de percussão corporal e sonoridades em sucata, ministrado por Stênio Mendes e Fernando Barba, seus olhos brilharam. Com o teste feito e entusiasmado, Maurício começou as aulas. O professor Barba, que também foi um dos criadores do Barbatuques, percebeu sua afinidade e, em 2001, o convidou para entrar no grupo musical. Desde então, Maas é um dos artistas que fazem música com o corpo.
“Na época, eu estava fazendo faculdade de artes cênicas, e eu já sabia que eu gostava de dar aula. Sempre tive essa vontade de compartilhar. O Barbatuques não é só um grupo artístico – tem a parte dos shows, de gravar trilha. Mas, também, tem a parte de oficina, que a gente dá aula e ensina as pessoas a trabalhar música sem precisar de instrumentos musicais. Eu acho isso revolucionário”, compartilha em entrevista exclusiva à Perfil Brasil.
Como explicado por Maurício, o Barbatuques é um grupo musical paulistano fundado em 1995 que se baseia na música corporal para elaborar suas composições. São diferentes técnicas de percussão corporal, vocal, sapateado e improvisação, levando a uma mistura única e criativa.
Percussão corporal do Barbatuques
O batuque no corpo também é música, mas tem as próprias regras, alerta Maas. “O instrumento é o corpo, você mesmo. Isso é algo que traz uma sustentabilidade, porque não é todo mundo que tem esse acesso. Na técnica, o jeito de bater, você tem que tomar cuidado para não se machucar. Então também traz uma consciência corporal. A gente tá numa sociedade muito visual, muito no celular, muito para fora. E a possibilidade de trazer para você mesmo traz outra consciência”.
O aspecto pedagógico e lúdico são outros diferenciais para o músico. Na sua avaliação, o batuque faz parta da história da humanidade, e está presente em muitas culturas. É o caso das palmas do Flamenco, dos fonemas do idioma Xhosa da África do Sul, e até mesmo de trabalhos de artistas brasileiros, como Naná Vasconcelos.
Quando se trata da indústria cultural, Maas se vê otimista. “Está tendo uma abertura. Tem uma questão mercadológica, mas acho que ainda tem um caminho para percorrer, inclusive academicamente. Estamos desbravando”. Em 2011, os Barbatuques lançaram a canção “Baianá”, uma adaptação de “Boa Tarde Povo” de Maria do Carmo Barbosa e Melo, que teve grande sucesso comercial e foi utilizada diferentes em trilhas sonoras.
Confira a entrevista completa:
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