É comum vermos corredores desmotivados ou reclamando de seu rendimento nas provas e treinos. Muitos deles nem são iniciantes, já são veteranos e acumulam um bocado de quilômetros rodados. Alguns chegam até a abandonar a prática, alegando cansaço, falta de paciência com a lentidão da evolução. Sem perceber, muitos desses atletas adquiriram hábitos altamente prejudiciais a sua performance, como também para a sua saúde.
A principal deles é, sem dúvida, o velho conceito: “correr é fácil, é só colocar o tênis e ir para a rua”. Ao som deste mantra, muitos começam a correr sem nenhuma orientação especializada – nem de um profissional de medicina, nem de educação física –; ou então, começam com exames em ordem, auxílio de um treinador nos primeiros meses, mas logo se sentem tão confiantes que viram autodidatas.
Para alcançar resultados e se beneficiar da prática é preciso técnica e conhecimento. É preciso ter uma visão abrangente de uma mistura que fatores, que incluem a individualização da planilha às características gerais do atleta, suas condições e seus objetivos. Levantamos 4 erros mais comuns cometidos entre os corredores e, é claro, convidamos um especialista para comentá-los: Antônio Vilar de Araujo, o Toninho, é treinador, formado em Educação Física pela UNIABC, pós-graduado pela Universidade Gama Filho
Falta de periodização. Periodização é a divisão do treino ao longo do ano. Cada fase tem uma função.
“Tudo deve ser individualizado. Cada atleta tem seu objetivo, seja melhorar tempo ou aumentar distâncias. Mas para subir os degraus da qualidade de vida com prudência, o corredor deve respeitar as fases conforme o planejamento. Tem que aprender a caminhar quanto é necessário, correr fraco ou forte e, também, descansar quando proposto. Só assim os objetivos serão atingidos corretamente, sem sofrimento”.
Abordagem generalista. Este é o mal que acomete a maioria dos corredores atualmente.
“Hoje existe muita informação sobre corrida e de fácil acesso. É comum grupos se reunirem para treinar conjuntamente, mesmo com os diferentes perfis dos integrantes do grupo. O amigo está treinando para uma meia maratona e os outros acompanharem, sem nenhuma avaliação, só na empolgação. A corrida é um esporte socializante. É ótimo correr entre amigos. Mas a falta de uma individualização pode trazer lesões e problemas até mais graves. Por isso, correr entre amigos pode, mas cada um no seu passo, com sua planilha, de acordo com as suas condições físicas”
Fuga dos treinos de velocidade. Muitos corredores evitam treinos de velocidade, gostam de ficar no “tototó”, ou como dizem, “respeitando o próprio ritmo”. O treinador Toninho lembra que para se desenvolver na corrida “tudo é importante: velocidade, força e resistência. Com liberação médica e acompanhamento técnico, focar nesses 3 pontos é o que vai trazer melhorias na resistência cardiorrespiratória e também ganhos em saúde e performance”.
Recuperação. Alguns corredores acham que a evolução só vem com treino forte e contínuo. Muitos até abandonam “aquele treinador que dizia para não correr 7 dias da semana. A sensação de bem-estar provocada pela corrida é viciante. Se não puxar o freio, muitos atletas vão no limite. Fui atleta de alta performance, ia e voltava do trabalho para casa 4 vezes por semana correndo. A recuperação, que pode ser trote leve ou até mesmo day off, dependendo do caso, é muito importante, pois a musculatura que foi estimulada e necessita de um tempo para se recuperar, antes de receber novos estímulos (24h, 48h, 72h ou mais, dependendo do caso). Ao contrário do que muitos pensam, descanso também é treino e ajuda muito a atingir os resultados programados.”
Antes de calçar o tênis de novo, reflita. Veja se você está cometendo algum desses erros. Corrija. Sua saúde e seu desempenho agradecem.