Teve início hoje (1º de março) a segunda fase de treinos da temporada das seleções masculina e feminina de goalball do Brasil no Centro de Treinamento Paralímpico (CT), em São Paulo. Os 16 convocados (sete homens e nove mulheres) são os mesmos da primeira fase, realizada entre 1º e 14 de fevereiro. Na Paralimpíada de Tóquio (Japão) cada seleção poderá ter seis jogadores.
O time feminino, que fica no CT até dia 13, tem três remanescentes dos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro: as alas Ana Carolina Duarte, Gleyse Priscila e Victória Amorim. A ala Jéssica Gomes e as pivôs Ana Gabriely Brito e Moniza Aparecida, por sua vez, estiveram no grupo do Mundial de 2018 (que não teve Victória). As alas Geovanna Clara e Kátia Aparecida, além da pivô Larissa Santos completam a convocação da seleção dirigida por Dailton Nascimento, que deverá estar pelo menos 50% renovada em relação àquela de cinco anos atrás.
Na equipe masculina, que permanece treinando até dia 15, cinco jogadores estiveram na última Paralimpíada: os alas Alex Melo, Josemárcio “Parazinho” e Leomon Moreno e os pivôs José Roberto Ferreira e Romário Marques. Já o ala Emerson Ernesto e o pivô Ivanilson da Silva chegaram à seleção no atual ciclo paralímpico. Este último – de apelido “Son” – ainda tem de ser submetido a uma classificação funcional internacional (processo que define a classe conforme o grau da deficiência do atleta e se ele está apto a competir nos Jogos).
“Nosso grupo mescla atletas jovens e outros experientes. Temos atletas indo para a terceira Paralimpíada e outros podendo ir à primeira, mas já com experiência internacional. É um time com bagagem e potencial de desempenho interessante. É treino em alto nível o tempo todo”, destacou o técnico da seleção masculina, Alessandro Tosim, em entrevista à Agência Brasil.
A nova fase de treinamentos será mais intensa que a primeira, marcada por ser a volta das seleções ao CT após quase um ano, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Ao longo de 2020, as delegações masculina e feminina foram acompanhadas à distância, com intuito de limitar ao máximo eventuais perdas técnicas e físicas.
“Dividimos a primeira fase em dois momentos. Todos os dias, eles faziam um treino técnico e tático e uma sessão física. Durante a [ausência de treinos devido à covid-19] pandemia, realizamos propostas [de atividades] virtuais com os atletas. Enfatizamos muito o treinamento técnico e algumas ações físicas. Foi um processo muito pertinente, pois eles chegaram fisicamente muito bem, em um nível que era interessante para aquela fase”, descreveu Tosim.
“Apesar de as meninas terem vindo do período de um ano afastadas das atividades com intensidade um pouco maior, conseguimos fazer um controle e deu para perceber que a manutenção, mesmo de forma remota, funcionou. Com certeza, conseguiremos puxar um pouco mais. É uma preparação mais específica com treinos mais intensos”, complementou o preparador físico da seleção feminina, Roger Scherer, em depoimento ao site oficial da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV).
O ouro que falta
A única modalidade paralímpica que não é adaptação de outro esporte tem o Brasil como potência, principalmente entre os homens. A seleção masculina de goalball é a atual bicampeã do mundo (2014 e 2018) e lidera o ranking da Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA, sigla em inglês). A feminina ocupa o terceiro lugar na relação da IBSA, atrás de Turquia (1ª) e China (2ª) e foi bronze no Mundial de três anos atrás. As duas equipes ganharam o ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Lima (Peru), em 2019.
Curiosamente, os brasileiros nunca subiram ao topo do pódio da Paralimpíada. A equipe masculina ficou perto em 2012, mas foi prata nos Jogos de Londres (Reino Unido), superada pela Finlândia na final. Quatro anos depois, o Brasil foi derrotado pelos Estados Unidos na semifinal, mas assegurou o bronze ao ganhar da Suécia na disputa pelo terceiro lugar. O time feminino caiu para a China na semifinal e foi vencido pelas norte-americanas no jogo que valeu o bronze.
“A gente sabe que [a Paralimpíada de Tóquio] será uma competição difícil e muito disputada. Assim como retomamos os treinos agora, há países da Europa que já estão treinando, como Alemanha, Lituânia e Turquia, que são seleções muito fortes e costumam chegar às semifinais dos grandes eventos”, alertou Tosim.
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“Temos um grupo de muito talento, e sabemos de nossas condições no cenário mundial. O Brasil é a maior referência do goalball hoje e vemos isso com bons olhos. A gente sabe que todo mundo se prepara para ganhar do Brasil e nós nos preparamos para não perdermos essa hegemonia”, completou o técnico da seleção masculina.
Caminho até Tóquio
A vaga na Paralimpíada foi assegurada graças à campanha das equipes masculina e feminina no Mundial de 2018. O cronograma até Tóquio, a princípio, tem outras quatro fases de treinamento e um torneio preparatório em vista para ambas as seleções: a Malmö Cup, competição tradicional disputada na Suécia e, por enquanto, agendada para o período de13 a 16 de maio. A realização, porém, ainda depende do estágio de evolução da pandemia e das restrições para acesso de estrangeiros na Europa.
O Campeonato das Américas, que seria em junho, em São Paulo, foi adiado para outubro. Em março, a seleção feminina teria um intercâmbio em Jerusalém (Israel), que foi cancelado em razão da covid-19. Também neste mês, os homens disputariam um torneio nos Estados Unidos, que acabou suspenso.
“[Em julho] Temos a expectativa de trazer alguma seleção para treinar conosco. Mas, em decorrência da pandemia, estamos trabalhando o conceito de competitividade nos treinos, criando, o tempo todo, situações em que os atletas estejam competindo, para manter isso aceso neles até a Paralimpíada”, concluiu Tosim.
Agência Brasil