Coluna – Seleção brasileira de bocha terá força máxima na Paralimpíada

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O agravamento da pandemia do novo coronavírus (covid-19) em São Paulo, que levou o governo estadual a decretar a Fase Emergencial, a mais severa do programa de enfrentamento à doença, levou a Associação Nacional de Desporto para Deficientes (Ande) a cancelar o segundo período de treinos da seleção brasileira de bocha no Centro de Treinamento Paralímpico (CTP), na capital paulista, que seria na semana passada, entre os dias 14 e 20 de março. O próximo encontro será de 30 de abril a 7 de maio, novamente no CTP.

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A primeira fase de treinos da atual temporada ocorreu entre 17 e 24 de fevereiro e marcou a volta da seleção à estrutura após 11 meses. Das quatro categorias da bocha – uma das modalidades mais inclusivas do movimento paralímpico, por ter praticantes com grau severo de comorbidade – somente a BC4 (atletas de quadro de origem não cerebral, como lesionados medulares) não esteve representada. A expectativa, segundo o coordenador técnico Moisés Fabrício Cruz, é que a classe participe das próximas atividades, de olho na Paralimpíada de Tóquio (Japão).

“São atletas com distrofias musculares de ordem progressiva, de muito cunho respiratório, então, [a ausência na convocação] foi para mantermos o cuidado de não expô-los. Além disso, nossos jogadores nesta categoria já estão com boa intensidade de treino em suas cidades. A gente não viu muita dificuldade para deixá-los treinarem em casa, pois os acompanhamos por vídeo. E também são nossos atletas mais experientes, tanto em idade como em número de jogos. O Eliseu [dos Santos] é campeoníssimo, bicampeão paralímpico [2008 e 2012], o Marcelo [dos Santos] foi medalhista de prata na última Paralimpíada, mais a Ercileide [da Silva]. Eles já têm bastante entrosamento”, explica Moisés à Agência Brasil.

técnico Moisés Fabrício Cruz orienta treino da seleção brasileira de bocha, no CTP, em SP
técnico Moisés Fabrício Cruz orienta treino da seleção brasileira de bocha, no CTP, em SP

Moisés Fabrício Cruz, técnico da seleção brasileira de bocha, sentado de frente para os atletas, durante treino no CTP, em São Paulo – Ale Cabral/CPB/Direitos Reservados

“Por incrível que pareça, a intensidade e o tempo de treino aumentaram [na pandemia]. A carga horária também. Então, a gente não sentiu muita deficiência técnica na volta [às atividades no CT], foi mais no aspecto físico. Claro que treinar em quadra e fazer uma imersão, que é treinar, comer e dormir, por sete dias seguidos, é diferente de um treino no clube ou em casa, no quintal ou em qualquer lugar onde se adaptou a atividade”, completa.

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Além da fase de treinos de abril, outras três estão previstas até agosto, quando a delegação embarca para o período de aclimatação em Hamamatsu (Japão), que antecede a ida a Tóquio. Havia a perspectiva de participação no Open de Póvoa do Varzim (Portugal), entre 12 e 19 de julho, mas a competição foi cancelada. Ou seja: a estreia nos Jogos é que marcará o retorno da seleção às competições internacional.

“Teremos que fazer uma preparação muito boa. Toda competição é um indicador do que se pode conquistar. Para se ter ideia, vamos ficar um ano e quatro meses sem os indicadores. Nossa equipe de análise de desempenho ficará mais limitada para saber como estão nossos adversários, então, ficaremos com a impressão de 2019 e do que conseguirmos colher. Mas a nossa expectativa é muito boa. Acredito que devemos conquistar medalhas”, aposta o coordenador técnico brasileiro.

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Natalí Mello de Faria em treino da Bocha no CT Paralímpico Brasileiro - seleção brasileira
Natalí Mello de Faria em treino da Bocha no CT Paralímpico Brasileiro - seleção brasileira

Na disputa por equipes, Natalí Mello de Faria (foto) assegurou o Brasil em Tóquio, ao lado de José Carlos Chagas e Maciel ao conquistar o título no Campeonato Regional das Américas de 2019, em São Paulo – Ale Cabral/CBP/Direitos Reservados

O otimismo se justifica pelos resultados que antecederam a pandemia. Pela primeira vez sem ser o país-sede, o Brasil estará representado em todas as provas possíveis da bocha: as quatro classes individuais e as disputas por equipes – reunindo as classes BC2 e BC1 (paralisia cerebral com limitação maior que os BC2) – e por pares das classes BC4 e BC3 (atletas de maior comprometimento motor, que utilizam calhas para jogar). As vagas foram alcançadas no Campeonato Regional das Américas de 2019, em São Paulo.

Ao ficar com o título continental na BC4, Eliseu garantiu o país na prova individual da classe em Tóquio, assim como o também campeão paralímpico Maciel dos Santos na BC2. Na disputa por equipes BC1/BC2, a vitória do trio Maciel, José Carlos Chagas e Natali Faria assegurou ao Brasil, além de um lugar no torneio entre seleções, vagas no individual de cada categoria. O mesmo ocorreu com os triunfos nos pares BC3 – com Eliseu e Ercileide (depois Marcelo) – e BC4, com a campeã paralímpica Evelyn Oliveira e Mateus Carvalho.

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JOGOS PARALÍMPICOS RIO 2016 - Bocha - Classificatória individual BC1. Na foto o atleta, Brasileiro, Eliseu dos santos x Pornchok Larpyen (THA). Em 14/09/2016
JOGOS PARALÍMPICOS RIO 2016 - Bocha - Classificatória individual BC1. Na foto o atleta, Brasileiro, Eliseu dos santos x Pornchok Larpyen (THA). Em 14/09/2016

Eliseu dos Santos, bicampeão paralímpico (2008 e 2012), assegurou a vaga brasileira em Tóquio ao faturar o título na classe BC4 no Campeonato Regional das Américas em 2019 – Alaor Filho/MPIX/CPB/Direitos Reservados

Além disso, o país tem pelo menos um jogador no top-10 mundial de cada classe pelo ranking da Federação Internacional de Bocha (BISFed, sigla em inglês). Na BC1, José Carlos é o quinto colocado. Na BC2, Maciel está na terceira posição. Na BC3, Evelyn é a melhor brasileira, em 10º. Já na BC4, Eliseu está em oitavo. A lista está congelada desde março do ano passado, devido à pandemia.

“Estamos em uma crescente muito boa. A equipe BC1/BC2, por exemplo, chegou pelo menos às semifinais dos campeonatos que disputou. O Maciel, o Eliseu e o José Carlos na BC1 se mantiveram bem [no ranking] e o par BC3 também. A gente tenta superar o ciclo passado”, conclui Moisés, em menção ao desempenho na Paralimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, quando o Brasil alcançou um ouro (par BC3) e uma prata (par BC4).

(Agência Brasil)

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