RECORDES!

NBA: entenda o impulsionamento nos recordes de pontuações

Nas últimas temporadas, as pontuações nas partidas da liga têm atingido números impressionantes, individual e coletivamente; entenda o fenômeno

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Como explicar o aumento das pontuações na NBA – Créditos: Getty Images

No último mês, no espaço de uma semana, a NBA teve dois jogadores que quebraram a barreira dos 70 pontos: Luka Doncic, do Dallas Mavericks, e Joel Embiid, do Philadelphia 76ers. O feito nunca foi registrado antes, mas como é possível explicar esse aumento de pontuação na liga?

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No dia 26 de janeiro, Doncic anotou incríveis 73 pontos, sendo apenas o 15° jogador a quebrar a marca. Essa foi a maior pontuação desde os 81 registrados por Kobe Bryant, em 2006. O limite estabelecido parecia imbatível há alguns anos, mas agora aparenta que é só uma questão de tempo para alguém superá-lo.

Nem mesmo Michael Jordan alcançou os 70 pontos. No entanto, apenas nas temporadas de 2022/23 e 2023/24, a NBA contou com Embiid (70), Luka (73), Donovan Mitchell (71) e Damian Lillard (71) entrando no Top 10 de maiores scores da história. Além disso, Devin Booker marcou 70 em 2017 – em sua segunda temporada na liga.

A cada ano os recordes de Kobe e Wilt Chamberlain parecem mais ameaçados, e isso se deve a um aumento geral no ritmo da NBA. Entre os dez melhores ataques da história da NBA, oito são de 2023/24.

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O aumento do uso da bola de três é um dos fatores que contribuíram com essa explosão. Por muitos anos, o arremesso chamado de mid-range foi o mais popular da liga e era o preferido de jogadores históricos como Jordan e Kobe durante as décadas de 1990 a 2010.

No entanto, um problema nesse arremesso foi apontado. Ele era facilmente contestado, já que a jogada tinha uma eficiência baixa quando comparada com uma bandeja. Assim, não recompensava tanto quanto um chute do perímetro.

Os analistas perceberam o ponto e questionaram: por que esses jogadores que possuem um ótimo mid-range não dão um passo para trás para um ponto a mais? Assim surgem jogadores como Stephen Curry e James Harden, que popularizam um novo jeito de se pensar o basquete.

Quem tinha a maior gravidade na quadra sempre buscava uma infiltração ou o espaço na média distância, o que gerava um congestionamento no garrafão. Com o surgimento dos times que priorizavam a bola-tripla, principalmente o Golden State Warriors de Curry, os outros se viram obrigados a espaçar mais sua defesa. A liga se tornou dominada pelos jeitos de pontuar mais eficientes.

As posições também foram adaptadas para esse novo modelo. Ala-pivôs e pivôs se viram com outros papéis, precisando de maior mobilidade usando mais a quadra. São os big-mans com ótimo arremesso, além dos centers, que tiveram que se desenvolver na longa-distância. Embiid, Nikola Jokic e Karl-Anthony Towns são exemplos.

Os times começaram a cercar seus melhores jogadores com arremessadores letais. Assim, caso uma dobra acontecesse, alguém chutaria livre de três. As possibilidades que esse espaço gera são infinitas, basta criatividade do técnico e da primeira opção da equipe.

Outra posição que foi forçada a mudar foi a de armador: se o melhor jogador do time está com a bola, por que passar ela? Reggie Miller tentou em média 4,7 arremessos do perímetro, enquanto Curry tenta mais de 10 por jogo hoje em dia.

A necessidade do melhor jogador ter o domínio das ações gera jogadores como Jokic e Embiid, que chutam como shooting-guards, dominam o garrafão como pivôs e distribuem a bola como armadores. E como uma equipe consegue marcar um jogador tão polivalente? Simples, não marca, tenta reduzir o impacto de seus companheiros. Na tentativa de pará-los na falta, eles vão converter 90% dos lances-livres.

Muitos pensam que as defesas pioraram em comparação com as últimas décadas. Muito pelo contrário, elas evoluíram muito, só não o suficiente para frear os ataques. Os últimos títulos foram vencidos por times que conseguiram reduzir o impacto do entorno dos melhores jogadores adversários e ainda superá-los em poder ofensivo. O melhor exemplo disso foi a série entre Milwaukee Bucks e Brooklyn Nets, em 2021.

Além das mudanças de regra que facilitaram conseguir grandes números de faltas, elas possibilitaram mais posses por jogo. A evolução natural do jogo com atletas cada vez mais completos ajudou essas quebras de recordes.

* Reportagem publicada originalmente em SportBuzz.


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