Copa do Mundo de 2022

Quem é o espanhol que tentou ir a pé para Copa do Qatar mas acabou preso no Irã?

Acusado injustamente de espionagem, Santiago Sánchez Cogedor foi detido e passou 15 meses sob custódia no país

Aua libertação só foi possível graças às intensas campanhas promovidas por familiares, amigos e aos esforços diplomáticos do governo espanhol
Santiago Sánchez Cogedor, de 42 anos, ficou preso por 15 meses – Crédito: Reprodução / Instagram

O entusiasta espanhol do futebol, Santiago Sánchez Cogedor, de 42 anos, nutria um sonho peculiar: percorrer a pé o trajeto de Madri até o Qatar para testemunhar a Copa do Mundo de 2022. Após atravessar 13 países e cobrir mais de 4 mil quilômetros, Santiago finalmente alcançou o Irã, sua última parada antes do destino da competição mundial.

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No entanto, uma visita ao túmulo de uma jovem iraniana mudou drasticamente o curso de sua jornada. Acusado injustamente de espionagem, Santiago foi detido e passou 15 meses sob custódia no país. Sua libertação, no último dia de dezembro de 2023, só foi possível graças às intensas campanhas promovidas por familiares, amigos e aos esforços diplomáticos do governo espanhol.

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Após retornar, Santiago evita abordar detalhes sobre sua experiência nos centros de detenção ou emitir comentários sobre o governo iraniano. Prefere focar nos aspectos positivos da vivência e assegura que isso não diminuiu seu desejo de continuar explorando o mundo.

“Acredito que o Irã me tirou a liberdade, mas me deu tempo em troca. Um tempo muito importante e valioso que usei para fazer uma viagem para o meu interior. Aprendi a viver com pouco e esse pouco compartilho com outros. Conheci realmente o povo iraniano e a mim mesmo. Aprendi a olhar cara a cara para a solidão e a caminhar de mãos dadas com o silêncio. No final, decidi ficar com o que é positivo. Isso me deu asas e não ficarei quieto, seguirei viajando” compartilhou Santiago, em entrevista ao UOL.

O que levou à prisão do espanhol?

Antes da prisão, Santiago já havia visitado o Irã em 2020, guardando boas lembranças do país. Seu retorno coincidiu com os protestos pela morte da jovem de 22 anos, Mahsa, que faleceu sob custódia policial após ser acusada de violar o código de vestimenta islâmica. O caso desencadeou uma onda de manifestações que resultaram em mais de 400 mortes.

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Santiago relata que foi conduzido ao túmulo de Mahsa por um conhecido, sem suspeitar das consequências. Ao chegar lá, foi surpreendido pela polícia e acusado de espionagem. Ele descreve o período de detenção como uma experiência surreal, marcada pela privação de liberdade, isolamento e condições adversas de vida nas diversas celas pelas quais passou.

Ele ainda comentou, ainda ao UOL, que chegou a conhecer o Irã em 2020, “fui de avião e cruzei o país de norte a sul de mochila. Muitas pessoas me hospedaram em suas casas e foi uma experiência incrível. Não tinha acontecido nada estranho. Mas quando Mahsa Amini morreu, começaram as revoltas. Nunca pensei que poderia acontecer algo como isso”.

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Apesar das adversidades e após meses de incerteza, Santiago finalmente recuperou sua liberdade, graças à mobilização internacional e ao apoio de seu país de origem, até mesmo contando com a celebração de sua libertação pela Casa Real espanhola.

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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