oriente médio

“Acontece numa guerra”, diz Netanyahu sobre funcionários de ONG mortos em bombardeio à Gaza

Primeiro-ministro israelense descreveu o ataque como “não intencional”; as sete vítimas atuavam na distribuição gratuita de refeições

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Netanyahu admitiu morte de funcionários de ONG após ataque israelense – Créditos: Getty Images

Sete funcionários da ONG World Central Kitchen (WCK) morreram na madrugada desta terça-feira (2) após um ataque do exército de Israel à Gaza. As novas vítimas geraram questionamentos a Israel e reforçaram pedidos de cessar-fogo e investigação do ocorrido.

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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitiu que o falecimento dos funcionários aconteceu durante um bombardeio “não intencional”. “Infelizmente ontem aconteceu um incidente trágico, as nossas forças atingiram involuntariamente pessoas inocentes na Faixa de Gaza. Isto acontece numa guerra (…), estamos em contato com os governos e faremos todo o possível para que isso não aconteça novamente”, afirmou.

As sete vítimas atuavam com a entrega de refeições quentes na região de Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza. Os falecidos eram da Austrália, Reino Unido, Polônia, EUA, Canadá e Palestina. A ONG, com sede nos Estados Unidos, foi fundada pelo chef José Andrés com o intuito de prover ajuda humanitária em regiões de guerra. Após o incidente, a instituição anunciou que encerrará suas atividades no local.

“[A WKC] perdeu vários de nossos irmãos e irmãs em um ataque aéreo das Forças de Defesa de Israel, em Gaza. Estou com o coração partido e de luto pelas famílias e amigos e por toda a família”, escreveu o cozinheiro. “O governo israelense deve parar com essa matança indiscriminada. Deve parar de restringir a ajuda humanitária, parar de matar civis e trabalhadores humanitários e parar de usar os alimentos como arma”.

Na última segunda-feira (25), o perfil da organização havia publicado um vídeo com uma das vítimas, Zomi Frankcom, de 44 anos, mostrando as comidas que seriam servidas.

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Justificativas de Israel

Por questões geográficas, Israel realiza o controle da entrada de ajuda humanitária em Gaza. O país nega usar alimentos como arma de guerra e justifica a vigilância ao território como uma maneira de impedir a entrada de recursos para o grupo terrorista Hamas em meio a outros pacotes voltados à população.

Nesta manhã, o principal porta-voz de Israel, Daniel Hagari, afirmou que o país está “comprometido em examinar” suas próprias ações e prometeu que uma investigação seria aberta com especialistas independentes. “Também expressamos sincero pesar às nações aliadas que tanto fizeram e continuam fazendo para ajudar os necessitados”.

Repercussão internacional à morte dos funcionários

Diversos líderes europeus demandaram uma investigação sobre o ataque ao ponto humanitário perante o direito internacional e enfatizaram a necessidade de um cessar-fogo.

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Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, foi um deles. “Presto homenagem aos funcionários do World Central Kitchen mortos em um ataque aéreo israelense em Gaza. Condeno o ataque e peço uma investigação. Apesar de todas as exigências para proteger os civis e os trabalhadores humanitários, assistimos a novas vítimas inocentes. Isto mostra que a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que pede um cessar-fogo imediato, um acesso humanitário total e uma proteção reforçada dos civis deve ser imediatamente implementada”, escreveu nas redes sociais.

Similarmente, a Comissão Europeia publicou uma nota exigindo uma investigação e fazendo um apelo para a proteção dos trabalhadores humanitários.

Para além do grupo europeu, David Cameron, secretário de Negócios Estrangeiros do Reino Unido, requisitou uma explicação do ocorrido. “Eram pessoas que trabalhavam para prestar ajuda vital àqueles que dela precisam desesperadamente. É essencial que os trabalhadores humanitários estejam protegidos e possam realizar seu trabalho.” disse ao jornal The Guardian.

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