O falecimento da beluga Hvaldimir em 31 de agosto de 2024, encontrado com um ferimento suspeito em águas norueguesas, trouxe à tona debates sobre a utilização de animais em missões de espionagem. A ONG OneWhale, incumbida de monitorar o mamífero, divulgou imagens evidenciando a gravidade do ferimento, possivelmente causado por uma bala, embora autoridades norueguesas neguem a intervenção humana.
Desde sua aparição em 2019 na Noruega, Hvaldimir se tornou um ponto focal de discussões. Vestindo uma sela com um compartimento para câmera e uma inscrição em cirílico, a especulação de que seria um espião russo do governo de Vladimir Putin rapidamente ganhou força, dado o histórico de programas de treinamento militar de mamíferos marinhos na Rússia.
Hvaldimir, a beluga espiã?
A possibilidade de Hvaldimir ser parte de um programa de espionagem não pode ser facilmente descartada. Relatórios indicam que tanto a Rússia quanto os Estados Unidos possuem históricos de utilização de animais marinhos em operações militares. A cidade de Murmansk, localizada no Círculo Polar Ártico, abriga um instituto suspeito de treinar focas e belugas para fins militares.
Esses animais são potencialmente utilizados em missões de reconhecimento e remoção de artilharia. Em 2018, o portal RT.com divulgou um vídeo mostrando uma foca em treinamento militar, vestindo um colete similar ao encontrado em Hvaldimir.
A morte de Hvaldimir traz à tona várias hipóteses. Será que foi um acidente, uma tentativa de pesca mal sucedida ou realmente um ato deliberado? O histórico da Noruega com a caça de baleias, tanto legalizadas quanto ilegais, adiciona mais complexidade ao incidente. A polícia norueguesa nega que a morte tenha sido causada por humanos, mas a ONG OneWhale e outras organizações não descartam essa possibilidade.
Outras evidências de espionagem animal
A espionagem animal não se restringe às belugas. Golfinhos, pombos e outros animais também foram treinados para missões de reconhecimento. Golfinhos na Crimeia, por exemplo, foram avistados realizando patrulhas militares contra mergulhadores, potencializando a segurança de bases militares russas em Sebastopol.
Esses golfinhos utilizam seu sonares naturais para detectar objetos e pessoas submersas, emitindo sons em frequências inaudíveis para humanos e recebendo o eco através de suas mandíbulas. Todavia, a falta de discernimento entre aliados e inimigos representa um risco considerável para essas missões.
- Missões de Reconhecimento: Golfinhos e belugas treinados para identificar ameaças subaquáticas.
- Espionagem Aérea: Pombos equipados com câmeras durante a Guerra Fria para capturar imagens em áreas estrangeiras.
- Ambos os Lados: Tanto os Estados Unidos quanto a Rússia desenvolveram programas de espionagem animal.
Patos espiões também são uma curiosa adição ao repertório de espionagem. Um documento recente da CIA mostrou que durante a Guerra Fria, aves foram equipadas com pequenas câmeras e liberadas para capturar imagens de áreas de interesse.
Como funciona um sonar natural?
Esses treinamentos tornam-se ainda mais intrigantes ao considerar as adaptações naturais dos animais. Golfinhos e belugas possuem sonares naturais para navegação e caça. Ao emitir sons que reverberam nos seus ambientes, esses animais conseguem identificar objetos através das ondas sonoras refletidas.
Essa habilidade é particularmente útil em missões submarinas de reconhecimento. Porém, o uso militar de animais, mesmo com essas adaptações naturais, apresenta desafios éticos e logísticos consideráveis.