ONDA DE VIOLÊNCIA

Eleições mexicanas já contam com 16 candidatos mortos

“Esse é um momento crucial para o crime organizado influenciar quem estará no poder, quem irá fornecer proteção, informação, recursos”, declarou Sandra Ley, diretora do programa de segurança do México Evalúa

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López Obrador – Crédito: Getty Images

Até o momento, 28 candidatos foram alvos de ataques. Dentre eles, 16 morreram. Essas informações foram coletadas pelo grupo de pesquisa Data Cívica até 1º de abril. Em resumo, os números indicam que este ano pode superar até mesmo os períodos mais violentos da história das eleições mexicanas.

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“Esse é um momento crucial para o crime organizado influenciar quem estará no poder, quem irá fornecer proteção, informação, recursos”, declarou à CNN Sandra Ley, diretora do programa de segurança do México Evalúa, um think tank de políticas públicas.

No mês passado, Jesús Corona Damián, que concorre ao cargo de prefeito em Cuautla, estava em um carro próximo à sua residência quando dois indivíduos em uma moto passaram rapidamente e abriram fogo. No dia anterior, uma gangue local havia ameaçado o candidato, então naquela noite ele estava protegido atrás de vidros à prova de balas. Apesar do ataque, ele sobreviveu.

Os candidatos políticos estão sendo alvo de assassinatos em todo o país. Isso acontece porque grupos poderosos buscam abrir caminho para seus representantes favoritos. Dois dias antes do ocorrido em Cuautla, o candidato a prefeito de Acatzingo foi baleado e morto no estacionamento de sua concessionária de veículos.

Na semana anterior, o concorrente em Pihuamo, que buscava a reeleição após um mandato de três anos, foi assassinado em um cruzamento próximo à praça central da cidade.

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Um balanço das eleições mexicanas

Cerca de 70 mil candidatos se inscreveram para participar das eleições em 2 de junho. Nessas eleições mexicanas, a população votará para preencher mais de 20 mil cargos, incluindo a presidência nacional e os governos de nove estados.

A maior parte da violência está concentrada nas eleições locais. Em municípios isolados, especialmente em áreas críticas controladas por cartéis, onde esses grupos dominam as rotas do tráfico de drogas e influenciam a produção agrícola, os cargos políticos se tornaram alvos principais para influências corruptas, segundo especialistas.

Embora candidatos de diferentes partidos tenham sido assassinados, a maioria pertencia ao partido Morena, criado pelo presidente Andrés Manuel López Obrador. Com o alto índice de ataques, os líderes do país prometeram processos judiciais rápidos e implementaram medidas para proteger esses candidatos ameaçados com escoltas armadas. No entanto, líderes partidários alertam que a violência já impactou diversas campanhas e muitos desistiram de suas disputas.

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Durante a campanha, López Obrador diminuiu consideravelmente a importância dos ataques, ressaltando que sua gestão diminuiu as taxas de homicídios. Em uma entrevista, jornalistas questionaram se o presidente via o aumento da violência eleitoral como uma ameaça à democracia. Obrador disse que “todos estão envolvidos”, apontando que a violência está ligada a “muitos candidatos de todos os partidos”.

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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