Alexei Navalny, opositor do governo russo, morreu no dia 16 de fevereiro em uma prisão no Ártico. Segundo sua certidão de óbito, faleceu de causas naturais. Entretanto, na época, seus aliados afirmaram que ele foi assassinado pelo governo do país. O intelectual era conhecido pelos seus protestos contra a corrupção no governo.
Hackers e apoiadores do advogado decidiram se vingar contra Vladmir Putin. De acordo com a CNN, um grupo de ativistas colocou uma foto de Navalny no site da empresa que administra o sistema prisional russo.
“Viva Alexey Navalny!”, dizia uma mensagem no site, acompanhada por uma foto de Navalny e sua esposa Yulia Navalnaya.
Além disso, o conjunto conseguiu acessar uma base de dados com informações de prisioneiros russos, seus familiares e contatos. De acordo com eles, o documento contém elementos sobre cerca de 800 mil detidos. Os hackers afirmam ser de diversas nacionalidades, e estão compartilhando números de telefones e e-mails dos detidos “na esperança de que alguém os possa contatar e ajudar a compreender o que aconteceu com Navalny”, disse um membro da ação.
Os ciberativistas também alteraram os preços do sistema online prisional, abaixando os preços de produtos como macarrão e carne enlatada para um rublo russo, equivalente a R$ 0,05. Geralmente, as mercadorias costumam ser vendidas por mais de 90 rublos dentro dos presídios.
O hacker anônimo afirmou ainda que levou três dias para a equipe de TI da prisão cancelar os descontos.“Estávamos observando [os registros de acesso à loja online] e ele continuava rolando cada vez mais rápido com mais e mais clientes fazendo compras”, disse.
Retaliação em nome de Nalvany
Em notas aos administradores da loja online da prisão, o grupo exigiu que os responsáveis deixassem as mensagens a favor de Navalny no ar. Depois que os administradores recusaram, os hackers destruíram um dos servidores de computador do centro de detenção.
Na época da morte do líder, o presidente dos EUA, Joe Biden, responsabilizou Vladmir Putin pelo ocorrido.
Navalny e o Ciberativismo
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, o hacktivismo se tornou recorrente nas instituições do país. Logo depois do começo da guerra, um ucraniano vazou uma série de dados internos, revelando conexões de uma gangue de ransomware russa com a inteligência nacional.
Diversos hackers a favor da Ucrânia assumiram autoria do ataque contra um fornecedor de internet russo e aos sites que transmitiam um discurso de Putin.
Tom Hegel, especialista em segurança cibernética com experiência em análise de despejos de dados, disse que o conflito “iniciou um novo capítulo no uso do hacktivismo, sem precedentes na sua escala atual”.
“O hacktivismo surgiu como uma ferramenta poderosa para diversos grupos expressarem as suas perspectivas, apoiarem os seus países, visarem adversários percebidos e tentarem influenciar a trajetória da guerra”.
Isso explica a mensagem que acompanhou a manipulação da loja online da prisão russa. “Nós, especialistas em TI, deixamos a Rússia de hoje”, dizia um trecho aparente em uma captura da página no dia 18 de fevereiro. “Amamos o nosso país e voltaremos quando ele estiver livre do regime de Putin. E iremos até o fim nesse caminho”.
