desânimo

Iranianos votam por novo Parlamento hoje, mas o engajamento deve ser baixo

Grande parte dos políticos que buscam mudanças dentro da teocracia do Irã, conhecidos como reformistas, foram amplamente proibidos de concorrer às eleições

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Ayatollah Ali Khamenei – Crédito: Majid Saeedi/Getty Images

Nesta sexta-feira (1º) o povo iraniano vai às urnas para votar por um novo parlamento. Especialistas enxergam essa eleição como um teste para avaliar a legitimidade do governo em meio a forte insatisfação advinda de dificuldades na economia e restrições às liberdades tanto políticas quanto sociais. Ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo, expressou que o voto é um dever religioso e foi o primeiro a exercer seu direito no Irã.

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Esta eleição por um novo parlamento é a primeira oportunidade formal para a expressão da opinião pública desde os protestos antigovernamentais ocorridos entre 2022 e 2023. Vale ressaltar que essas manifestações representaram uma das maiores agitações políticas desde a Revolução Islâmica de 1979.

Aproximadamente 15 mil candidatos disputam por assentos no parlamento, composto por 290 membros. Entre esses candidatos, somente 116 são moderados ou favoráveis às reformas. As autoridades proibiram a participação daqueles que defendem mudanças mais radicais na teocracia. Outros optaram por não se inscrever devido a imposição de desqualificações generalizadas. Como resultado, há um predomínio de políticos conservadores.

Vale destacar que um dos grandes pontos de insatisfação atual da população é a economia do país, estagnada devido às sanções ocidentais. O avanço do programa nuclear de Teerã, o envolvimento do país por meio de representantes de milícias no Oriente Médio e o apoio à Rússia na guerra com a Ucrânia são questões que impulsionam esse cenário.

Outra votação importante: Assembleia dos Peritos

Além do novo parlamento, os iranianos também votaram na Assembleia de Peritos, a qual possui uma composição de 88 membros. Um total de 144 candidatos, todos pertencentes ao influente clero do país, concorreram a esses assentos. Aos 84 anos de idade, Khamenei também foi um dos primeiros a votar. Com um mandato de oito anos, esse painel de clérigos seleciona um novo líder supremo caso Khamenei renuncie ou faleça.

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“A Assembleia de Peritos é o órgão que nomeia e supervisiona o líder supremo, que tem a palavra final sobre todas as principais questões políticas, religiosas e de segurança”, explicou Sina Toossi, membro do Centro de Política Internacional, à Al Jazeera.

Além disso, Toossi ressaltou que dada a idade avançada de Khamenei, essas eleições podem ser cruciais. “Há especulações generalizadas de que ele poderá não viver para ver o fim do mandato de oito anos da próxima assembleia, o que significa que os membros eleitos na sexta-feira poderão ter a responsabilidade de escolher o seu sucessor”, acrescentou.

Baixo engajamento e o desânimo iraniano

As autoridades iranianas, incluindo o líder supremo, incentivaram a população a participar das eleições. No entanto, os centros de votação em Teerã, a capital do país, aparentavam ter uma baixa participação.

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Segundo Roxane Farmanfarmaian, professora de relações internacionais na Universidade de Cambridge, há uma expectativa de pouco engajamento da população. Caso o cenário se confirme, isso será atribuído aos desafios econômicos e ao sentimento generalizado entre a população de que ela não faz parte do “impulso político”.

Além disso, a professora argumentou, à Al Jazeera, que há uma percepção geral de que as lideranças iranianas não enxergam o engajamento iraniano com as eleições como uma implicação em sua própria legitimidade. “Há muito desânimo envolvido”, acrescentou.

Os centros de votação permanecerão abertos até às 21h30 do horário local (18h30 GMT), após as autoridades estenderem o período de votação por duas horas. As autoridades devem divulgar os resultados preliminares já neste sábado (2).

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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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