Um menino de três anos morreu na noite de terça-feira (19), uma semana depois de ficar seis horas trancado no carro dos pais, que afirmam ter esquecido de deixá-lo na creche para ir trabalhar. Ontem, o estado do bebê se tornou “irreversível” e seu falecimento foi confirmado às 20h05.
O episódio que causou o declínio da saúde da criança ocorreu na segunda-feira da semana passada, na Argentina. Como parte da investigação, a promotora Valeria Panozzo solicitou as câmeras de segurança da área. As imagens registraram o pai estacionando o veículo na rua Chrestía, 550 e saindo sozinho. O bebê foi deixado dentro do carro, sentado no banco de trás, e ficou sozinho lá até o início da tarde.
Seis horas depois, a mãe chegou ao local, onde encontrou o menino desmaiado e tentou dar água para ajudá-lo. Porém, como a criança não acordava, ela chamou a polícia. Os agentes, ao constatarem o estado de saúde do bebê, decidiram transferi-lo imediatamente para a clínica San Agustín. Lá, tentaram reanimá-lo e, ao verificar a gravidade da situação, o menino foi internado na terapia intensiva da clínica San Lucas.
Segundo os dados fornecidos pelo coordenador da Direção de Segurança da Polícia de Neuquén, Alejandro Cares, após dar entrada no hospital, o bebê ficou estável, embora tenha tido que ser intubado. Seu corpo estava repleto de hematomas, produto dos movimentos que realizou no assento, conforme o jornal Diario Río Negro .
Ao saber do diagnóstico, o Conselho Escolar Cipolletti lamentou o fato e mandou seus sentimentos à família: “Toda a equipe do Conselho Escolar Cipolletti levanta uma oração pelo descanso eterno de Gennaro”.
Pais do menino investigados
Quando o ocorrido foi divulgado, os pais do menor garantiram que deveriam ter deixado o filho na creche antes de ingressar nos seus respectivos empregos no Governo da Cidade de Neuquén. Entretanto, ambos teriam esquecido que o bebê estava na traseira do carro. Por esta razão, o Ministério Público apurará se o caso se trata de um “possível ato criminoso”.
A Ouvidoria dos Direitos da Criança e do Adolescente, chefiada por Natalia Stornini, também interviu no incidente. A responsável do órgão afirmou que o habitual nestes casos é aguardar a evolução do estado de saúde da criança e, a partir disso, esperar a avaliação do Ministério Público.
Em entrevista ao LMNeuquén, Stornini explicou que estes tipos de situações “se enquadram como negligência e no abandono e, então, priorizamos a saúde da criança e as ações que devem ser realizadas no âmbito da assistência hospitalar”. Nesse sentido, “existe uma situação de negligência, porque não é comum esquecer-se durante muito tempo de uma criança no carro”. Nas situações em que possa haver prejuízo para o menor, o Código Civil prevê a possibilidade de privação da responsabilidade parental.