Mesmo antes de assumir o cargo em Janeiro passado, o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, procurava posicionar o país como líder mundial na batalha contra as alterações climáticas.
Ele chegou à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas no ano passado sob aplausos e apoiadores gritando seu nome. “O Brasil está de volta”, disse ele ao público entusiasmado, declarando que a luta contra as mudanças climáticas é “o foco” de sua administração.
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Um ano depois, Lula retorna à conferência anual do clima, conhecida em sua última edição como COP28. Mas os críticos questionam se ele cumpriu as promessas que fez no cenário mundial, especialmente à medida em que o Brasil continua a desenvolver os seus setores de petróleo e gás natural.
“O Brasil de Lula da Silva não pode ser ao mesmo tempo um líder climático e o quarto exportador mundial de petróleo”, disse Suely Araújo, especialista em políticas públicas da ONG ambiental Observatório do Clima, à Al Jazeera.
Ainda assim, com líderes mundiais como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o chinês Xi Jinping, notavelmente ausentes da COP28, Lula pretende enviar a mensagem de que o Brasil pode organizar esforços para enfrentar a política climática – e preencher o vazio de liderança.
“Chegamos à COP28 de cabeça erguida”, disse Ana Toni, secretária de mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, durante uma entrevista coletiva.
Uma demonstração de força
O governo brasileiro já anunciou que o país pretende enviar ao evento a maior delegação de sua história, composta por cerca de 2.400 participantes inscritos. A maioria provém da sociedade civil ou de organizações empresariais, mas espera-se que pelo menos 400 sejam funcionários governamentais, incluindo ministros de alto nível. A demonstração de força na COP28 contrasta com a participação mais escassa no governo do antecessor de Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Necessidade de apoio interno
Mas os críticos criticaram Lula por não ter ido suficientemente longe – e por não ter conseguido incluir os principais intervenientes na sua agenda de alterações climáticas.
“Ainda vivemos no país das promessas, não da eficácia”, disse à Al Jazeera Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), uma coalizão pelos direitos indígenas.
Espera-se que Lula utilize a conferência COP28 para pressionar os líderes mundiais a assumirem maiores compromissos na protecção de florestas tropicais como a Amazônia, que são fundamentais para moderar as alterações climáticas. Mas Tuxá teme que as propostas de Lula sejam palavras vazias, sem mais apoio político interno.
* Com informações da Al Jazeera