Vladmir Putin iniciou formalmente o seu quinto mandato como presidente da Rússia. Foi realizada uma cerimônia de posse nesta terça-feira (7), no Grande Palácio do Kremlin, em Moscou. Lá, ele prestou juramento e foi empossado como presidente para um novo mandato de seis anos.
Aos 71 anos, Putin venceu uma eleição rigidamente controlada pelo governo russo, da qual dois candidatos antiguerra foram barrados de participar por “motivos técnicos”. Com a maioria dos opositores mortos, presos, exilados ou impedidos de concorrer, ele não enfrentou desafios na disputa pelo cargo.
“Somos uma nação unida e grande, e juntos superaremos todos os obstáculos, realizaremos tudo o que planejamos e, juntos, venceremos”, declarou Putin em seu discurso durante a posse.
A cerimônia de posse contou com a presença dos mais altos responsáveis militares e políticos da Rússia, mas os Estados Unidos e diversas nações europeias se recusaram a enviar um representante depois de considerarem as eleições russas uma farsa. “Certamente não consideramos aquela eleição livre e justa, mas ele é o presidente da Rússia e continuará nessa função”, disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller.
Vladimir Putin tomou posse para um quinto mandato de seis anos como Presidente da Rússia no Grande Palácio do Kremlin, em Moscovo.
Foi uma cerimónia de canonização de um imperador megalómano de uma federação que quer conquistar a Europa por força das armas.
Um ditador de… pic.twitter.com/pnwP6pg7Fe
— António Pinto Pereira (@a_pinto_pereira) May 7, 2024
Putin ainda disse que a Rússia passaria por este período “difícil” se tornando mais forte e sairia vitoriosa. Além disso, declarou que o país permanece aberto ao diálogo com o Ocidente, mas que precisa ser em termos iguais. “A escolha é deles: eles pretendem continuar o desenvolvimento da Rússia — sua política de agressão e anos de pressão incessante sobre nosso país, ou procurar um caminho para a consolidação e paz?”, disse.
Por que Putin não tem concorrentes?
A primeira cerimônia de tomada de posse de Putin, realizada em 2000, foi anunciada como a primeira vez na história da Rússia que o poder dentro do Kremlin mudou de mãos através de um processo eleitoral. Após 24 anos ele permanece no poder como presidente. Durante seu período no comando, ele alterou a Constituição da Rússia para remover limites de mandato e estender a duração de cada mandato de quatro para seis anos.
Nas eleições deste ano, realizadas em março, ele obteve 87% dos votos. Esses números foram considerados falsos pelos Estados Unidos e por vários países europeus. Nos dias que se seguiram à votação, Putin apareceu no palco da Praça Vermelha de Moscou ao lado dos três opositores autorizados a concorrer contra ele. Os homens cantaram o hino nacional da Rússia ombro a ombro, como que para confirmar a ilusão de competição.
O desafio mais direto ao governo de Putin foi feito pelo então chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, que, irritado com os erros militares russos na Ucrânia, ordenou aos seus mercenários que marchassem sobre Moscou num espetáculo bizarro que brevemente ameaçou minar o monopólio de poder de Putin. Em 24 horas, Prigozhin cancelou seu motim. Dois meses depois, ele foi confirmado morto em um acidente de avião. O Kremlin negou envolvimento no incidente.
Além disso, no início deste ano, seu oponente mais conhecido, Alexey Navalny, morreu subitamente em uma prisão russa no Ártico. O serviço penitenciário russo informou que Navalny morreu após “sentir-se mal depois de uma caminhada” e perder a consciência “quase imediatamente”. O presidente negou envolvimento. Após o ocorrido, outros críticos importantes foram presos ou forçados a fugir para o exterior, enfraquecendo ainda mais a oposição ao governo de Putin.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini