MUDANÇAS CENTRAIS

Quais os impactos do avanço da extrema direita na União Europeia?

Políticas de imigração, combate ao aquecimento global e uma maior integração entre os países do bloco são alguns dos temas centrais que podem sofrer alterações significativas

Quais os impactos do avanço da extrema direita na União Europeia?
União Europeia tem lidado com o avanço da extrema-direita – Créditos: Thierry Monasse/Getty Images

A União Europeia (UE) tem assistido um avanço preocupante da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu. Este fenômeno possivelmente fará com que algumas políticas centrais sejam revisitadas, uma vez que os impactos no cenário político e social são significativos.

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Partidos ultranacionalistas e conservadores tiveram um grande desempenho nas três maiores potências da União Europeia: Alemanha, França e Itália. Na Alemanha, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) alcançou o segundo lugar, superando o Partido Social Democrata do chanceler Olaf Scholz.

Enquanto isso, na França, o União Nacional, liderado por Marine Le Pen, obteve mais do que o dobro de votos do partido Renascimento, de Emmanuel Macron, forçando o líder francês a dissolver a Assembleia Nacional e convocar novas eleições parlamentares. Na Itália, o partido Irmãos da Itália, da da premiê ultraconservadora Giorgia Meloni, também saiu vitorioso.

Embora esses partidos não tenham alcançado a maioria no Parlamento Europeu, o resultado das eleições nos três principais países do bloco envia uma mensagem clara que não pode ser ignorada.

Políticas de imigração

Com o avanço da extrema direita, a tendência é que as políticas de imigração se tornem mais restritivas, com leis mais rígidas e controles fronteiriços reforçados. Isso porque a retórica contra imigrantes e refugiados é endossada, alimentando sentimentos xenofóbicos e aumentando a tensão social. Grupos minoritários, incluindo comunidades étnicas e LGBTQ+, podem enfrentar maiores riscos de discriminação e violência.

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De fato, a Europa enfrenta um grande e desordenado influxo de imigrantes, o que fortalece o discurso ultranacionalista, especialmente contra imigrantes da África e muçulmanos. Por isso, Bruxelas precisará revisar suas políticas e adotar medidas mais rígidas para organizar melhor a situação, o que poderia reduzir o apelo da mensagem ultraconservadora.

Nas relações internacionais, partidos de extrema direita geralmente defendem políticas isolacionistas, o que pode afetar as relações da UE com outras nações e blocos econômicos. Mudanças nas alianças e parcerias internacionais são possíveis, com alguns partidos mostrando simpatia por regimes autoritários ou questionando alianças tradicionais, como a OTAN.

Mudanças climáticas

O combate ao aquecimento global será significativamente impactado pelo avanço da extrema direita na União Europeia. Até agora, a UE, governada por uma coalizão de centro-direita e centro-esquerda, implementou políticas ambiciosas para combater as mudanças climáticas.

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Essas políticas incluem a adoção de uma matriz energética mais limpa, sanções contra importações de países que desmatam e regras rigorosas para o uso da terra e dos recursos naturais. No entanto, essas medidas têm altos custos políticos e econômicos.

A extrema direita, frequentemente contrária a essas políticas, argumenta que os europeus pagam um preço muito alto, inclusive com aumento da inflação, por liderarem esse debate, enquanto outros países e blocos concorrentes adiam ações similares.

Além disso, alguns políticos ultraconservadores são negacionistas climáticos. A resistência da extrema direita a essas políticas pode diminuir o impacto das iniciativas europeias para combater as mudanças climáticas.

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Integração da União Europeia

A ascensão da extrema direita aumentará as dificuldades para uma maior integração entre os países do bloco e tornará mais difícil a entrada de novas nações na União Europeia.

Esses partidos, defensores de um nacionalismo extremado, muitas vezes argumentam que a União Europeia deveria ser um bloco comercial mais fraco, em vez de uma unidade política forte. Assim, a UE pode evitar medidas de maior integração política, mantendo o status quo.

Há também uma crescente resistência às instituições supranacionais, como o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia. Muitos partidos de extrema direita promovem a devolução de poderes para os estados-membros, enfraquecendo a integração europeia. Essa resistência questiona a legitimidade e a eficácia das instituições da UE.

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