Vito Fiorino acordou em seu barco com gritos. Eram seis da manhã do dia 3 de outubro de 2013. O pescador italiano havia passado uma noite no mar com sua tripulação, na esperança de uma boa pescaria. Eles examinaram o céu mal iluminado, esperando avistar gaivotas, mas, em vez disso, enquanto o grupo navegava em direção ao barulho, a cena que os esperava era algo que nunca tinham visto.
“Acordamos para uma tragédia incomensurável”, disse Fiorino. “Havia centenas de pessoas no mar, gritando e clamando por ajuda.”
Eram refugiados. Uma embarcação proveniente da Eritreia e da Somália virou a uma curta distância de Lampedusa, na Itália, a ilha dos sonhos de qualquer turista, conhecida por suas águas azuis e praia de areias brancas. Desta embarcação, apenas 155 pessoas sobreviveram, enquanto 368 pessoas morreram afogadas.
Os pescadores conseguiram resgatar 47 pessoas para o seu navio antes da chegada das autoridades italianas.
Tragédias como esta ocorrem com bastante frequência na costa da ilha italiana, que tem uma população de apenas 6 mil habitantes e está no centro de uma crise de refugiados.
No mês passado, em Lampedusa, enquanto milhares de pessoas que pedem asilo ao governo eram amontoadas num espaço preparado para acomodar 400 pessoas, a Guarda Costeira italiana encontrou o corpo de um recém-nascido que morreu durante a viagem. Dias antes, um menino de cinco meses morreu afogado depois que um barco virou a uma curta distância da costa.
A Cruz Vermelha italiana, que administra centro de acolhimento de refugiados em Lampedusa, declarou em seu portal de internet que a situação estava tensa, mas que todos ali estavam dando o seu melhor para garantir cuidados essenciais àquela população.