Recentemente, os olhares se voltaram novamente para Dharavi, uma das favelas mais densas e produtivas da Ásia, com a promessa de remodelação por parte do magnata Gautam Adani. Ele propõe transformar a comunidade em um espaço de moradias e infraestruturas modernas. Além de servir como morada, o aglomerado urbano é também um centro de microempresas, desde calçados até cerâmicas, cujo turno coletivo anual é estimado em mais de US$ 1 bilhão.
Gautam Adani é fundador do Grupo Adani, que destituiu brevemente Jeff Bezos como a segunda pessoa mais rica do mundo em 2022. “Um novo capítulo de orgulho e propósito está começando. É uma oportunidade histórica para criarmos um novo Dharavi de dignidade, segurança e inclusão”, escreveu o magnata em uma mensagem no site da sua empresa depois de vencer a licitação para reconstruir a área em 2022.
Ele prometeu “criar uma cidade de classe mundial de última geração, que refletirá uma Índia ressurgente, autoconfiante e em crescimento, encontrando seu novo lugar no cenário global, já que o século 21 pertence à Índia”.
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Desenvolvimento versus tradição de Dharavi
O debate central a respeito da remodelação não é apenas sobre mudança física, mas sobre o impacto nas dinâmicas sociais e econômicas de Dharavi. Masoom Ali Shaikh, um dos moradores da favela, expressa à CNN uma preocupação comum entre os comerciantes: a realocação poderia dispersar e até mesmo desintegrar redes comerciais estabelecidas há décadas. Com a incerteza sobre a retenção de seus lugares originais, a implementação do projeto gera tanto a esperança de uma infraestrutura melhor quanto o medo do desconhecido.
Complicações e compensações: quem ganha e quem perde?
O plano de Adani promete uma compensação para os qualificados, mas o método de qualificação e realocação é um ponto de debate. A elegibilidade para habitações gratuitas, proposta por Adani, será baseada na antiguidade do residente em Dharavi, excluindo potencialmente muitos que chegaram após 2000. Além disso, questões como a validade dos documentos e a capacidade dos residentes de comprovar seus direitos de moradia podem resultar em exclusões significativas, afetando milhares de pessoas.
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