Após um tumulto durante a distribuição de ajuda humanitária em Gaza, representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmaram que encontraram um grande número de pessoas com ferimentos causados por tiros.
Os membros da organização visitaram cerca de 200 pessoas que estão em tratamento no hospital Al-Shifa. A ONU aproveitou para distribuir medicamentos, vacinas, combustível e atendeu os feridos no incidente anterior. Esta foi a primeira vez em mais de uma semana que um comboio da Organização conseguiu alcançar a região.
“Enquanto estou falando com vocês, este hospital está cuidando de mais de 200 pessoas que foram feridas ontem. Testemunhamos vítimas com ferimentos de bala, amputações e crianças de até 12 anos que foram feridas no tumulto“, relatou Georgios Petropoulos, chefe do subescritório da Ocha em Gaza.
“Precisamos ter uma passagem segura por toda Gaza para chegar às pessoas que precisam de ajuda humanitária“, acrescentou.
O que aconteceu em Gaza?
Na quinta-feira (29), durante a distribuição de ajuda humanitária em Gaza, ocorreu um tumulto que resultou em civis mortos e feridos.
O Exército israelense divulgou imagens da multidão cercando um comboio de suprimentos no norte da Faixa de Gaza. O Hamas acusou Israel de causar mais de 100 mortes, ameaçando abandonar as negociações de cessar-fogo.
Um oficial militar israelense relatou dois incidentes distintos: inicialmente, dezenas de palestinos foram mortos ou feridos em meio ao tumulto, supostamente pisoteados ou atropelados pelos caminhões.
Posteriormente, soldados dispararam tiros de advertência para o ar e, em seguida, contra aqueles que se recusaram a se afastar, alegando sentir-se ameaçados.
À noite, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, declarou que tanques que escoltavam os caminhões dispararam tiros de advertência para dispersar a multidão que tentava saquear os veículos, recuando quando a situação começou a fugir ao controle.
“Nenhum ataque das Forças Armadas de Israel foi feito contra o comboio de ajuda humanitária. Ao contrário, o Exército estava lá coordenando uma operação humanitária para garantir a segurança e permitir que o comboio chegasse ao ponto de distribuição“, disse Hagari.
Ele ressaltou que operações semelhantes ocorreram nas últimas quatro noites sem incidentes.
Enquanto isso, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, criticou Israel pelo que descreveu como um “massacre feio“.
O chefe das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, apresentou um relatório em Genebra destacando que todas as partes no conflito cometeram crimes de guerra, enfatizando a necessidade de paz, investigação e responsabilização. “É hora – na verdade, já passou da hora – de paz, investigação e responsabilização”, disse Turk.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, demandou uma “investigação independente e eficaz” dos eventos durante o tumulto.
* Sob supervisão de Lilian Coelho