
A equipe jurídica do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, apresentou um recurso no Supremo Tribunal Federal. O documento critica a utilização de um vídeo, exibido pelo ministro Alexandre de Moraes, no julgamento que tornou réus o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o próprio Braga Netto e outras seis pessoas.
A defesa afirma que o material usado por Moraes não se limita aos eventos de 8 de janeiro de 2023. “Apenas parte dos vídeos refere-se ao lamentável episódio do 8 de janeiro”, argumentam os advogados no documento protocolado na Corte.
O vídeo descontextualiza os fatos?
Os advogados sustentam que o conteúdo audiovisual exibido no plenário mistura registros de datas distintas, o que prejudica a compreensão dos fatos e reforça acusações que não se aplicam a seu cliente.
“Como se constata pelos vídeos da sessão e notas taquigráficas que compõem o acórdão, na edição apresentada em Plenário também constam vídeos referentes a episódios ocorridos nos dias 12 e 24 de dezembro de 2022, que extrapolam os limites da narrativa acusatória”, destacaram.
O argumento central é que o ex-ministro não responde por ocorrências anteriores ao dia 8 e que a sobreposição de imagens de diferentes momentos pode induzir a uma leitura equivocada dos acontecimentos.
Outro ponto levantado pela defesa é a suposta falta de acesso completo às provas que integram o processo, dificultando o contraditório. Durante a sessão em que o vídeo foi exibido, no mês de março, Moraes reforçou a gravidade dos atos investigados.
“Lembrar que tivemos tentativa de golpe de Estado violentíssima, fogo, destruição de patrimônio público, dano qualificado”, afirmou o ministro, relator da ação.
“Uma violência selvagem, incivilidade total, com pedido de intervenção militar no golpe de Estado”, completou.
Em sua análise, Moraes reagiu às críticas feitas por aliados dos réus: “É absurdo dizerem que não houve violência”. Segundo o ministro, a gravação foi apresentada para relembrar a gravidade do ocorrido.
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