liberdade de expressão

Estudo revela que 80 jornalistas foram agredidos fisicamente em 2023

Em relação aos índices de atentados, injúria e furtos, o relatório da Abert apontou para um crescimento relevante de 50%, 200% e 600%, respectivamente

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Ataques de 8 de janeiro em Brasília – Crédito: Reprodução/Youtube

O trabalho de jornalistas no Brasil: nesta quinta-feira (4), um estudo da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) divulgou que, em 2023, houve um registro 112 ocorrências de violações à liberdade de imprensa e expressão no Brasil.

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As agressões físicas foram o tipo mais comum de violência ao trabalho jornalístico, sendo 40% do total. Nesse cenário, o número de jornalistas que sofreram agressões físicas chegou a 80, representando um aumento de 8% no último ano.

Em relação aos índices de atentados, injúria e furtos, o relatório da Abert apontou para um crescimento relevante de 50%, 200% e 600%, respectivamente. Já as ameaças dirigidas a comunicadores e os casos de censura permaneceram inalterados entre 2022 e 2023.

Além disso, a entidade ressaltou que houve cerca de 2,9 mil publicações diárias na internet criticando a imprensa brasileira. Esse é o menor número desde o início do monitoramento em 2019. O estudo também indicou uma média de dois ataques virtuais por minuto aos jornalistas. Esse índice representa uma queda de três vezes em relação ao pico registrado há cinco anos.

O caso emblemático do assassinato do blogueiro Thiago Rodrigues, morto com nove tiros durante um encontro com amigos no litoral de São Paulo, também foi mencionado. Com quase 15 anos de carreira, ele era conhecido por denunciar irregularidades na cidade do Guarujá e na administração de políticos locais.

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No total, desde 2012, foram contabilizados 26 homicídios de profissionais da imprensa brasileira.

A polarização no Brasil e o efeito sobre os jornalistas

Um ponto fundamental que corroborou com esse aumento das agressões aos jornalistas, segundo a Abert, foi a grande cobertura dos eventos golpistas em 8 de janeiro de 2023 e nos dias subsequentes. Flávio Lara Resende, presidente da Associação, observou que os ataques e agressões mais intensos ocorreram durante esse período em todo o país.

“Essa polarização foi extremamente ruim para o Brasil e continua sendo ainda em grande parte, porque acaba atacando um profissional que muitas vezes está informando uma coisa que nem ele concorda ou deixa de concordar. É um absurdo você ter um jornalista sério, um repórter com um histórico de trabalho extremamente competente e profissional, e ele ser atacado por causa disso”, declarou ele à Folha de São Paulo.

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Diante desse contexto, a Abert expressou preocupação com os índices de violência nas eleições municipais deste ano. Embora não antecipe uma polarização e violência tão intensas quanto o que foi visto na disputa presidencial em 2022, a Associação ressaltou que deve haver uma atenção maior para evitar um aumento dos casos.

A regulamentação das redes sociais

Um ponto que a Abert também se propõe a discutir é a regulamentação das redes sociais. À Folha de São Paulo, Resende ressaltou que esses meios de comunicação facilitaram muito os ataques e ameaças às pessoas.

“É necessário que o Brasil, e principalmente o Congresso Nacional, traga regras muito claras de como punir essas pessoas que estão fazendo isso”, declarou.

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Nesse sentido, a Abert se posicionou a favor da regulamentação na utilização das redes sociais. O objetivo é responsabilizar aqueles que cometem crimes no ambiente virtual. Mas o tema ainda é bem polêmico no Brasil.

“A gente detesta essa palavra regulação e, principalmente, censura. Estamos aqui pela liberdade de expressão, pela liberdade de imprensa, mas é muito importante que de alguma forma se encontrem [formas], que você consiga barrar isso”, acrescentou.

Brasil x mundo

Já em um panorama mundial, a organização Repórteres Sem Fronteiras posicionou o Brasil em 92º lugar no ranking global de liberdade de imprensa. Essa lista levou em consideração 180 nações.

Os países asiáticos Vietnã, China e Coreia do Norte ocuparam, nesta ordem, as últimas colocações da lista. A classificação entende que isso reflete condições muito críticas para os jornalistas nesses locais.

Já as nações mais bem colocadas nesse critério foram a Noruega, a Irlanda e a Dinamarca.

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