
Em uma era dominada pela rápida evolução tecnológica, a inteligência artificial (IA) encontrou seu caminho nas estratégias eleitorais em várias partes do mundo. Observando as eleições recentes em países como Índia, México e Brasil, nota-se um cenário onde a IA se torna protagonista, ora como facilitadora de campanhas, ora como instrumento de desinformação.
Diante de tal cenário, a Justiça Eleitoral em diversas nações tem buscado regulamentar e fiscalizar o uso dessa tecnologia. No Brasil, exemplo disso foi a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabelecida em 2024, que proíbe a produção e disseminação de deepfakes, método que substitui rostos em vídeos, criando falsas declarações de apoio ou mesmo desistência de candidatos.
Como a IA está sendo utilizada nas campanhas?
No campo positivo, as ferramentas de IA são vistas como aliadas no refinamento e na eficiência das campanhas. Estrategistas políticos, como Felipe Soutello, vêm a IA como uma ferramenta que pode trazer coesão e pertinência aos discursos políticos, analisando dados para criar mensagens que resonem melhor com os eleitores (via O Globo). Em São Paulo, por exemplo, ele ajudou na campanha bem-sucedida do prefeito Bruno Covas em 2020, utilizando IA para otimizar a comunicação.
“A base de uma campanha é a estruturação do discurso dos candidatos. Então, se você armazena o conjunto das falas e discursos e estrutura isso dentro de uma pasta de IA, ela vai te ajudar a ter coerência, pegar as recorrências, refinar e deixar esse discurso mais palatável para diferentes públicos. Essas ferramentas são colaboradores que somam na mesa de trabalho“, informou ao site.
O que são deepfakes e como eles afetam as eleições?
Os deepfakes representam um dos usos mais controversos da IA. Essa tecnologia foi usada na África do Sul para criar vídeos que mostravam o apoio fictício do ex-presidente Donald Trump a candidatos locais. Em Bangladesh, um vídeo deepfake foi utilizado para simular que dois candidatos haviam desistido no dia das eleições. Situação semelhante ocorreu em Taiwan, onde um deepfake falsificou o apoio de um empresário.
Na Índia, candidatos usaram vozes e imagens de pessoas falecidas, incluindo uma cantora popular. Na Indonésia, ocorreram casos similares com vídeos do ex-presidente Suharto, falecido em 2008. Essa capacidade de criar conteúdo enganoso tem sido uma preocupação crescente, uma vez que pode manipular opiniões e, potencialmente, influenciar os resultados das eleições.
Como o TSE está combatendo o uso indevido da IA?
Na frente legal, a recente resolução do TSE é um esforço para mitigar riscos associados ao uso mal-intencionado da tecnologia. Segundo a Ministra Cármen Lúcia, recém-empossada presidente do TSE, o combate à manipulação de conteúdo e ao “algoritmo do ódio” são prioridades. Esta regulamentação inclui, entre outras medidas, uma vigilância mais intensa e penalidades para infrações que envolvam deepfakes.
Siga a gente no Google NotíciasJUSTIÇA ELEITORAL | O TSE estabeleceu regras para o uso da inteligência artificial e proibiu o uso de deepfake nas eleições municipais deste ano. O uso irregular da tecnologia poderá levar à cassação do candidato. pic.twitter.com/1cjyhqWNtX
— Empresa Brasil de Comunicação (@ebcnarede) March 4, 2024