Preta Gil compartilhou com seus seguidores nas redes sociais que precisou realizar uma amputação do reto como parte do tratamento contra o câncer colorretal, diagnosticado em 2023. A cantora revelou que o procedimento foi feito há um ano e não durante sua última internação.
O câncer colorretal pode afetar o cólon (intestino grosso) ou o reto (passagem posterior do intestino). É um tipo de câncer que exige cuidados específicos e pode levar à necessidade de procedimentos cirúrgicos complexos.
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O que é a cirurgia de amputação do reto?
A cirurgia de amputação do reto é um procedimento indicado para a remoção do reto e do canal anal. Muitas vezes, é necessária quando o tumor está muito próximo da musculatura do esfíncter, responsável por controlar a abertura do ânus. Em tais casos, uma colostomia permanente é criada para permitir o esvaziamento do intestino por uma abertura no abdômen.
Segundo o cirurgião Romulo Almeida, coordenador da Coloproctologia do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, “o paciente fica com a colostomia definitiva apenas quando a lesão está muito próxima da musculatura do esfíncter e não se pode dar a margem cirúrgica adequada entre o tumor e essa musculatura, o que é uma minoria dos casos”, afirmou em entrevista à Globo.
Diversos tipos de câncer podem exigir a amputação do reto, sendo os mais comuns o câncer de intestino (colorretal), especialmente quando localizado muito baixo no reto, próximo ao ânus, e o câncer de ânus, necessitando a remoção do ânus e partes adjacentes do cólon.
Bruno Zilberstein, cirurgião do Aparelho Digestivo da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explicou que “dependendo da resposta do tumor à quimio e radioterapia, quando não há uma resposta adequada, eventualmente se recorre à amputação do reto”.
Como é o processo cirúrgico?
A cirurgia começa com a preparação do paciente, incluindo exames de sangue e um check-up geral. No dia da operação, o paciente deve estar em jejum e pode receber medicamentos como laxantes e injeções para prevenir coágulos. Todo o procedimento dura cerca de duas a três horas e segue as seguintes etapas:
- Remoção dos vasos sanguíneos que abastecem o reto e o cólon sigmoide.
- Separação do cólon sigmoide e do reto do restante do intestino grosso.
- Incisão na região perineal para remoção do reto e do cólon sigmoide.
- Nos casos necessários, remoção do ânus e criação de uma colostomia permanente.
Com os avanços nas técnicas de cirurgia, anestesia e cuidados pós-operatórios, os pacientes geralmente se recuperam bem. Fisioterapia e apoio psicológico são cruciais durante essa fase para garantir uma boa qualidade de vida. Segundo Almeida, “os pacientes podem voltar ao trabalho e às suas atividades normais com boa qualidade de vida.”
Embora seja um procedimento seguro, a amputação do reto pode apresentar complicações. Infecções, principalmente na região da incisão perineal, e síndrome pós-ressecção, com um aumento na frequência e urgência das evacuações, além de incontinência para fezes e gases, podem acometer os pacientes.
Esses sintomas podem durar de 1 a 2 anos e impactar a qualidade de vida e o convívio social do paciente. Radioterapia pré-operatória também pode agravar esses sintomas devido a danos nervosos.