O Governo do Pará lançou recentemente o Sistema de Rastreabilidade Bovídea Individual do Pará (SRBIPA) com o objetivo de rastrear individualmente os bovinos do estado. A ideia é dotar os animais de chips e brincos nas orelhas, com numerações específicas, funcionando como uma espécie de “CPF” para cada boi.
A medida, que iniciou em Xinguara (PA), foi marcada pela identificação do primeiro boi batizado de “Pioneiro”. O governador Helder Barbalho (MDB) estabeleceu a meta ambiciosa de rastrear todo o rebanho até 2026. O Pará possui 24 milhões de bovinos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficando atrás apenas do Mato Grosso.
Sistema de monitoramento bovídeo no Pará
Mas como esse programa realmente funcionará? De acordo com o Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado, Raul Protázio Romão, o sistema que reunirá os dados dos bois é o Sigeagro. Este programa já registra informações das propriedades rurais no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Individualmente, cada boi terá seus dados, como sexo, data de nascimento e vacinas, integrados ao Sigeagro. A numeração dos bovinos começará com o prefixo brasileiro “076” seguido por mais 15 dígitos. Esses dados serão vinculados aos brincos amarelos e chips azuis instalados nas orelhas dos animais, emitidos pelo Ministério da Agricultura.
Como garantir carne livre de desmatamento?
Muito se discute sobre como assegurar que a carne proveniente do Pará esteja livre de desmatamento. Segundo Romão, a utilização do Selo Verde ajudará nesse processo. O objetivo é que as informações sejam cruzadas com dados do CAR, GTAs e imagens de satélite, além de listas como a dos embargos ambientais e trabalho escravo.
- Critérios Socioambientais: Empresas da região não podem comprar gado de fazendas com desmatamento ilegal ou trabalho escravo.
- Cruzamento de Dados: O governo analisará dados das fazendas, disponibilizando os resultados na plataforma Selo Verde.
- Apoio aos Pequenos Produtores: O governo promete doar 4 milhões de pares de brincos e chips aos pequenos produtores e oferecer suporte para a instalação.
Qual o impacto para pequenos produtores?
Os grandes pecuaristas têm aceitado bem a proposta, pois muitos já praticam a identificação individual dos bois. No entanto, para os pequenos produtores, a implementação pode ser desafiadora. O governo do Pará assegura que doará os brincos e chips necessários para os pequenos, estimando alcançar entre 60 mil a 70 mil propriedades.
Para garantir a instalação dos brincos, serão utilizadas caminhonetes que levarão bretes móveis até as pequenas propriedades. Isso ajuda a minimizar o custo, que gira em torno de R$ 30 por instalação, além do custo dos brincos.
Progresso da implementação
O cronograma de implementação já foi definido e seguirá até dezembro de 2026, conforme estabelecido pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará). Vejamos como está planejado:
- 1ª fase (2024-2025): Marabá, Tucuruí, Novo Progresso, Xinguara, Redenção, São Geraldo do Araguaia, Altamira, Rondon e Tucumã.
- 2ª fase (2025): Abaetetuba, Castanhal, Capanema, Capitão Poço, Santarém, Oriximiná, Itaituba e Paragominas.
- 3ª fase: Almeirim, Soure, Breves – sem datas definidas até o momento.
O desenvolvimento desse sistema de rastreabilidade individual do gado paraense visa não apenas atender exigências internacionais, como as da União Europeia e da China, mas também garantir uma pecuária mais sustentável e transparente, alinhada com as exigências socioambientais da atualidade.