As queimadas nos canaviais de São Paulo se alastram rapidamente, afetando uma extensão de mais de 100 mil hectares e resultando em prejuízos que chegam a R$ 800 milhões. Esses dados foram estimados pela Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana). Até o mês passado, as perdas eram estimadas em 80 mil hectares, com um prejuízo de R$ 500 milhões.
Os números recentes contabilizam os incêndios que ocorreram entre o dia 24 de agosto e a última quarta-feira (4), representando 2,3% da área total de cana-de-açúcar do estado de São Paulo. O estado é o maior produtor do Brasil, com cultivos em 4,3 milhões de hectares. Estas queimadas não só afetaram a cana da atual safra, como também destruíram rebrotas, o que poderá impactar a próxima colheita.
Impacto das queimadas na safra de cana-de-açúcar
De acordo com o diretor-executivo da Orplana, José Guilherme Nogueira, “esse cenário de clima seco e falta de chuvas pode impactar a safra futura, mas ainda é cedo para essas previsões. Esperamos que as chuvas deste final de ano venham de forma uniforme e volumosa e a rebrota da cana-de-açúcar aconteça de uma maneira mais tranquila”.
Quais são as projeções para a safra de 2024/25?
A consultoria Datagro reduziu em 9 milhões de toneladas a expectativa da safra de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil, projetando agora 593 milhões de toneladas para a safra 2024/25. Essa redução se deve aos impactos da seca e das queimadas recentes. A produção de açúcar do centro-sul do Brasil foi estimada em 39,3 milhões de toneladas na temporada 2024/25, ante 40,025 milhões na projeção anterior.
Segundo a Datagro, os incêndios levantaram preocupações sobre as áreas a serem colhidas na próxima safra de 2025/26. Como as queimadas afetaram áreas de rebrota, isso provavelmente “encorajará os produtores a retardar o início das operações de moagem na próxima temporada”, destacou a consultoria.
Desafios para os produtores de cana
As queimadas em canaviais trazem uma série de desafios para os produtores de cana-de-açúcar. Entre os principais desafios estão:
- Redução da Área Cultivável: As queimadas destroem extensas áreas de cultivo, reduzindo a quantidade de cana que pode ser colhida.
- Impacto na Rebrotagem: O fogo destrói não só a cana da safra atual, mas também as rebrotas, o que afeta as colheitas futuras.
- Dependência Climática: A recuperação das áreas queimadas depende da chegada de chuvas, o que é incerto em períodos de seca prolongada.
- Prejuízos Econômicos: As perdas financeiras são significativas, comprometendo a rentabilidade dos produtores.