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Esportes voltados para pessoas com deficiência promovem integração e qualidade de vida

Centro de Práticas Esportivas da USP oferece cursos semestrais de esportes adaptados

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O esporte adaptado garante saúde e inclusão social para pessoas com deficiência – Créditos: Reprodução/Governo de SP

As modalidades esportivas adaptadas para pessoas com deficiência (PCDs) são práticas realizadas desde o meio do século XX. A primeira edição das Paralimpíadas aconteceu em 1960, sediada em Roma, na Itália; além dos jogos Parapan-Americanos, que tiveram início em 1967. Ambos seguem acontecendo a cada quatro anos, assim como as Olimpíadas de verão e de inverno.

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No Brasil, o esporte adaptado é um segmento que segue em constante crescimento. Na última edição do Parapan, em 2023, a delegação brasileira estabeleceu um recorde histórico voltando para casa com 343 medalhas, sendo 156 ouros, permanecendo na liderança panamericana, que mantém desde os Jogos do Rio de Janeiro, em 2007.

As modalidades compõem também os cursos esportivos oferecidos pela USP. O Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp) disponibiliza semestralmente cursos adaptados para a comunidade interna de estudantes, professores e funcionários, além do público externo à Universidade, que também pode ter acesso.

Com aulas destinadas ao público PCD, como Tênis de Mesa para pessoas com Parkinson, Futebol e Capoeira para pessoas com Deficiência Intelectual (DI), e o Remo para pacientes de câncer de mama; também são oferecidas outras atividades adaptadas, como alongamento e atividade física para pessoas com deficiência, alterações ou lesões na coluna e joelho, atividade física para gestantes, além de uma variedade de opções para o público 60+, como caminhada, ginástica, musculação, capoeira e yoga.

Todos os cursos estão disponíveis no site da instituição. O Jornal da USP acompanhou três dos cursos adaptados: a capoeira e o futebol para pessoas com DI e o Programa Remama, que viabiliza a prática de remo orientado e adaptado a mulheres com câncer de mama tratadas pelo Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

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PCD

A sigla PCD significa Pessoa com Deficiência. Trata-se daqueles que convivem com impedimentos permanentes ou de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, como pessoas com paraplegia, esquizofrenia, síndrome de down, cegueira, surdez, entre outros exemplos.

Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146) foi criada em 2015 e garante, em igualdade de condições com as demais pessoas, o exercício dos direitos e liberdades fundamentais para pessoas com deficiência, visando a sua inclusão social. Estas pessoas, porém, continuam a conviver com barreiras que vão além da própria deficiência, como a falta de acessibilidade e o capacitismo.

Pacientes de câncer que, por laudo médico, apresentam deficiência física nos membros superiores ou inferiores, como pacientes que passaram por mastectomia (cirurgia de retirada parcial ou total da mama), também se enquadram no grupo de pessoas com deficiência.

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Ginga e drible: deficiência intelectual no futebol e capoeira

A prática esportiva é uma recomendação médica para qualquer pessoa. Manter o corpo ativo é essencial para se manter saudável. Alguns dos benefícios de se exercitar que podem ser citados são a manutenção e melhora da resistência cardiovascular, o desenvolvimento do aparelho respiratório, redução do colesterol e dos triglicerídeos e controle da pressão arterial.

Porém, para um grupo de pessoas com deficiência intelectual, os benefícios vão além dos citados, como o desenvolvimento motor e cognitivo, aprendendo não apenas a praticar a modalidade, mas também a seguir as regras do jogo.

Fora da esfera da saúde, o principal ponto que o esporte proporciona a esse público é a interação social. A pessoa com deficiência convive diariamente com o preconceito e exclusão, e o esporte, principalmente o coletivo, exerce um papel fundamental na construção de relações sociais destas pessoas.

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“É claro que existe um desenvolvimento motor e intelectual, mas o maior ganho mesmo é o social, é a interação com os colegas”, comenta Maykell Carvalho, educador físico formado pela Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP, atualmente leciona as aulas de futebol.

O curso de futebol para pessoas com DI tem suas aulas praticadas no módulo 3 do Cepe, às segundas e quartas-feiras, das 15h às 16h30.

Às quartas-feiras, saindo do módulo às 16h30, após o futsal, o mesmo grupo segue para o espaço multiuso do Cepe, para então praticar uma hora de capoeira, com as aulas do professor Vinicius Heine.

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Além dos benefícios que os esportes em geral trazem a esse público, Heine comenta sobre alguns diferenciais que a prática da capoeira proporciona. “A capoeira, além de uma arte marcial, conta também com a parte musical. Então eles tocam os instrumentos e também cantam as músicas, e isso é algo que ajuda muito com o desenvolvimento da comunicação”, explica o mestre de capoeira.

Uma das principais características das pessoas com deficiência intelectual é a restrição de comunicação. O convívio com a musicalidade e com o componente rítmico da prática pode ajudar no desenvolvimento dessas habilidades.

Outro diferencial da capoeira é que, além dos movimentos, existe toda uma parte histórica que envolve esse esporte, e é algo que nós fazemos questão de passar. Então, eu falo com eles sobre a história da capoeira, sobre os antigos mestres, porque, afinal de contas, a capoeira é uma prática cultural“, comenta o professor.

Tudo aquilo que os professores reiteram sobre a importância dos esportes na integração social dessas pessoas, na construção de relações e no desenvolvimento da comunicação são fatores observados dentro de casa.

Márcia, mãe de Gustavo que tem paralisia cerebral, e Lilian, mãe de Leandro que é autista, comentam que as diferenças são muito perceptíveis após os filhos começarem a participar das aulas. Ambos integram tanto as aulas de futebol, quanto a de capoeira.

O Gustavo hoje é muito mais feliz, porque ele sempre gostou muito de futebol. Porém, na escola, os meninos sempre querem jogar mais ‘sério’, então nunca o chamavam, e ele acabava ficando sem conseguir brincar. Então, ele ficou muito feliz depois que entrou no futebol no Cepe”, comenta Márcia.

Lilian também fala sobre a diferença quanto à realidade das escolas. “O Leandro não tem amigos na escola, e essa foi a principal diferença de ter começado nas aulas. Foi aqui que ele fez amizades e, participando das aulas, hoje ele fala que o sonho dele é ser jogador”.

***Fonte: Governo de SP

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