Raro quem não a conheça ou faça uso, a melatonina é o hormônio da vez! Embora seja cada vez mais comum seu uso – raro quem realmente saiba todos seus efeitos e muito menos quem entenda de dosagem – há quem acredite que 2 mg seja pouco, então tomam 5, 6 e até 10 mg, sem qualquer orientação de profissional de saúde, e o corpo que lute nessa bagunça hormonal.
O que é a melatonina?
A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal do cérebro, em resposta à diminuição da luz ambiente, que possui como principal função regular o ciclo circadiano, ou seja, estimular o sono ao final do dia. Logo, começa a ser produzida especialmente no fim do dia, quando já não existem estímulos luminosos e o metabolismo está mais lento.
Agora um ponto interessante: você já reparou que a nossa temperatura cai à noite? Isso tem um porquê. A melatonina também está em sincronia com a queda da temperatura corporal, sinalizando que é hora de encerrar as atividades do dia e começar o sono reparador. Ela auxilia na redução da temperatura corporal, favorecendo a perda de calor pela pele e reduzindo o ponto de ajuste térmico no cérebro – mecanismos estes que estão intimamente relacionados ao seu efeito de aumento de sonolência e indução do início do sono propriamente dito.
Conforme avançamos pelas fases do sono, o ciclo se fecha e se prepara para recomeçar. Próximo ao momento de despertar, a temperatura corporal começa a subir gradualmente, preparando o organismo para as atividades do novo dia. Esse aumento térmico também coincide com a diminuição da melatonina, encerrando a fase de descanso noturno. Para saber mais sobre as fases do sono, basta clicar aqui.
O que pode afetar nossa produção de melatonina?
Conforme envelhecemos, a produção de melatonina diminui e é por isso que os distúrbios de sono são mais frequentes em adultos ou idosos e é aí que entra a suplementação com melatonina.
Outros fatores diminuem nossa melatonina como, por exemplo, o uso de betabloqueadores, uma classe de fármacos utilizada no tratamento da hipertensão arterial, mas também de arritmias e insuficiência cardíaca. Estudos apontam que esses medicamentos inibem a estimulação dos receptores relacionados à melatonina.
Além disso, a elevação da glicose no sangue pode ou não ser causada por doenças subjacentes (como diabetes e resistência à insulina). Essa condição altera o funcionamento de algumas enzimas na glândula pineal responsáveis pela síntese do hormônio.
E se você pensa que ela só serve para o sono, é ledo engano. Olha o quanto ela pode te ajudar.
Os benefícios da melatonina
1. Melhora a qualidade do sono
Em relação ao sono, entre os principais benefícios da melatonina está a sua atuação como moduladora do ciclo sono-vigília e na sincronização do ritmo circadiano. Nesse sentido o hormônio:
- induz o sono;
- melhora a qualidade do sono, evitando o despertar precoce;
- reduz os efeitos de jet lag durante as viagens;
- ajuda a evitar a insônia;
- contribui para um sono reparador.
2. Fortalece o sistema imune
As primeiras constatações a respeito da atividade imune da melatonina vieram de fatos como a diminuição do timo e o baço (órgãos do sistema imune) após a retirada da pineal (pinealectomia) e posterior reversão da involução tímica pela administração de melatonina. Observou‐se também em estudos que a pinealectomia alterou o ritmo de proliferação de leucócitos, a produção de moléculas de comunicação entre as células e a atividade de linfócitos NK.
Somado a isso, foi demonstrado que a melatonina combate muitos tipos de infecções virais. Pesquisas ainda mostram que sua ligação às células governantes do sistema imunológico, chamadas células T helper, podem desencadear uma cascata de eventos que levam a uma resposta imunológica aprimorada.
3. Tem poder antioxidante
Ao contrário de outros antioxidantes, a substância é capaz de exercer essa atividade tanto em meio aquoso, quanto em meio lipídico. Ou seja, ela pode estar em diversas áreas de uma célula, como, por exemplo, o local exato de formação do radical livre.
Ainda devido à condição, a melatonina é capaz de exercer atividade dentro da mitocôndria – local onde pouquíssimos antioxidantes conseguem chegar – potencializando sua função de eliminar espécies reativas de oxigênio (ROS) e espécies reativas de nitrogênio (RNS). Como se não bastasse, atua também como um antioxidante indireto, estimulando a síntese de uma série de outras enzimas antioxidantes.
4. Protege o sistema nervoso
Por ser um dos antioxidantes mais potentes conhecidos, a melatonina ajuda a proteger o sistema nervoso contra a degradação de neurônios. Por esse motivo, a melatonina pode ser indicada como auxiliar no tratamento de problemas como glaucoma, retinopatia, degeneração macular, enxaqueca, fibromialgia, Alzheimer ou isquemia, por exemplo.
5. Melhora a depressão sazonal
O transtorno afetivo sazonal é um tipo de depressão que acontece durante o período de inverno e que provoca sintomas como tristeza, sono em excesso, aumento do apetite e dificuldade de concentração.
Este transtorno ocorre com mais frequência em pessoas que vivem em regiões em que o inverno dura muito tempo, e está associado à diminuição de substâncias do corpo ligadas ao humor e ao sono, como a serotonina e a melatonina. Logo, aumenta a ingesta, regula o ritmo circadiano e a melhora os sintomas da depressão sazonal.
6. Reduz a acidez do estômago
A melatonina contribui para a redução da produção de ácido no estômago e também de óxido nítrico, que é uma substância que induz o relaxamento do esfíncter do esôfago, reduzindo o refluxo gastroesofágico. Assim, a melatonina pode ser usada como auxiliar no tratamento desta condição ou isolado, em casos mais leves. Saiba mais sobre o tratamento para o refluxo gastroesofágico clicando aqui.
7. Ajuda no tratamento do câncer
Alguns estudos foram feitos utilizando células do câncer de mama, próstata, endométrio e ovário e mostraram que a melatonina pode ajudar a melhorar o efeito do tratamento do câncer ou diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia ou radioterapia. No entanto, ainda são necessários mais estudos em humanos que comprovem esse benefício.
8. Previne enxaquecas
Uma pesquisa realizada pelo neurologista André Leite Gonçalves constatou que a melatonina é mais eficaz no tratamento preventivo da enxaqueca e é mais bem tolerada do que a amitriptilina, antidepressivo com propriedades analgésicas bastante utilizado por quem sofre de fortes dores de cabeça. A explicação é que o hormônio tem várias ações dentro do sistema nervoso central, que podem ser responsáveis pelo seu papel analgésico nas cefaleias. Conheça o estudo clicando aqui.
Como tomar a melatonina?
Por atuar na indução do sono, o melhor horário para tomar a melatonina é alguns minutos antes de dormir. Mas a dose a ser ingerida deve ser orientada por um médico ou outro profissional habilitado, conforme necessidade de cada paciente.
Importante destacar também que existem dois tipos de melatonina. A melatonina tradicional apresenta ação imediata, com liberação menos estável e durável, o que pode causar um despertar precoce.
Existe também a melatonina microencapsulada – fast and slow release. Graças à tecnologia Micro-SR™, na melatonina microencapsulada, a liberação ocorre de forma gradual e prolongada, acompanhando o ritmo natural do sono e mantendo seu efeito ao longo da noite, sendo que 40% da melatonina é liberada na primeira hora e o restante durante as 7 horas seguintes.
A posologia recomendada e aprovada pela ANVISA do suplemento alimentar de melatonina é de 0,21 mg por dia para adultos com mais de 19 anos, tomada por via oral na forma de comprimido ou gotas cerca de 1 a 2 horas antes de deitar para tratar a enxaqueca, e mais frequentemente, a insônia.
O uso da melatonina durante o dia normalmente não é recomendado, pois pode desregular o ciclo circadiano e assim fazer com que a pessoa sinta muito sono durante o dia e pouco durante a noite, por exemplo.
A melatonina também pode ser encontrada como remédio, na forma de cápsulas, em doses maiores de 1 mg, 2 mg, 3 mg, 5 mg ou 10 mg, sendo recomendado iniciar o uso com a dose mais baixa de 1 mg, tomado 30 minutos antes de dormir. Essa dose pode ser aumentada para até 10 mg por dia, conforme orientação médica, mas doses maiores que 1 mg aumentam o risco de efeitos colaterais.
O tempo de uso da melatonina é, de forma geral, de uma a quatro semanas. No entanto, dependendo das necessidades individuais de cada pessoa, o médico pode recomendar o seu uso por cerca de 13 semanas. Uma boa alternativa para aumentar a concentração de melatonina no organismo é consumir alimentos que contribuam para a sua produção, como arroz integral, banana, nozes, laranja e espinafre, por exemplo.
Possíveis efeitos colaterais
A melatonina é um suplemento relativamente seguro e bem tolerado quando usado em baixas doses e a curto prazo, sendo que o surgimento de efeitos colaterais é raro. No entanto, ainda que sejam raros, os efeitos colaterais mais comuns que podem surgir são:
- Fadiga;
- Sonolência excessiva durante o dia;
- Dor de cabeça;
- Enxaqueca;
- Dificuldade de concentração;
- Irritabilidade;
- Ansiedade ou piora da depressão.
A intensidade dos efeitos colaterais depende da quantidade de melatonina ingerida. Quanto mais alta for a dose, maior será o risco de surgir alguns destes efeitos colaterais.
Lembre-se: A melatonina é um hormônio e precisa haver normas de administração e seu consumo não pode ser algo trivial, pois há consequências se for administrada de forma errada e sem necessidade. Por exemplo, é errado tomá-la apenas quando achar que não conseguirá dormir, isso irá bagunçar o ritmo circadiano diário e o organismo. Além disso, quando o suplemento é ingerido sem indicação médica, em excesso e em horários inadequados, o composto sintético da substância pode favorecer o surgimento de doenças, como o diabetes, ou agravar problemas de saúde já existentes.
Em crianças, o suplemento de melatonina também pode causar crises convulsivas, e, por isso, o uso deve sempre ser feito com indicação e orientação do pediatra.
Quem não deve usar
A melatonina não deve ser usada por crianças, adolescentes, gestantes e lactantes, ou por pessoas alérgicas a melatonina ou qualquer outro componente da fórmula.
Além disso, deve-se evitar doses maiores que 1 mg, a não ser que tenham sido prescritas pelo médico, pois o risco de desenvolver efeitos colaterais é maior.
A melatonina pode causar sonolência durante o dia, por isso, deve-se ter precaução ou evitar atividades como dirigir, utilizar máquinas pesadas ou realizar atividades perigosas.
Pessoas que possuem alguma comorbidade ou que necessitam da melatonina para outras funções que não a indução do sono, devem consultar um médico ou outro profissional habilitado antes de fazer uso da substância.
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