PREOCUPANTE

Mpox: vacinas são mal utilizadas pelos estados brasileiros, diz levantamento

Foram distribuídas 48.052 doses do imunizante, mas apenas 29.913 foram utilizadas, representando cerca de 62% do total disponibilizado

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Vacina de mpox – Créditos: Getty Images

Os estados brasileiros passam por problemas significativos na aplicação de vacinas contra a mpox, segundo um levantamento exclusivo do G1. De acordo com dados coletados junto às secretarias estaduais de Saúde e superintendências de Vigilância, foram distribuídas 48.052 doses da vacina, mas apenas 29.913 foram utilizadas, representando cerca de 62% do total disponibilizado.

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Alguns estados, como Bahia, Mato Grosso do Sul e Rondônia, ainda não informaram o número de doses aplicadas ao público-alvo. Como resultado, não foi possível calcular o percentual de imunização nessas regiões. Enquanto isso, outras localidades enfrentam dificuldades para administrar as doses já recebidas devido a diversos fatores, como o vencimento e o descongelamento inadequado dos imunizantes.

A baixa aplicação das vacinas contra a mpox

O Ministério da Saúde enviou apenas 49 mil doses em 2023, sendo que parte desse estoque foi destinado a instituições de pesquisa parceiras e ao Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Municípios como Amapá e Rio de Janeiro já relataram a falta de vacinas, enquanto outros, como Santa Catarina e Goiás, mencionaram ter doses apenas para públicos específicos.

Para especialistas como Maria Felipe Medeiros, infectologista com foco em saúde LGBTQIA+, a principal razão para a baixa aplicação das vacinas é a falta de planejamento adequado e campanhas de conscientização. A vacina chegou ao Brasil tardiamente, após o pico de casos em 2022, o que comprometeu a eficácia da campanha de imunização.

Os desafios dos estados na administração das vacinas

Álvaro Costa, infectologista do Hospital das Clínicas da USP, destacou ao G1 a logística inadequada e a ausência de campanhas claras de comunicação como obstáculos significativos para uma maior cobertura vacinal. Além disso, a decisão de ampliar a vacinação para usuários da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) ocorreu tarde demais, quando o estoque de vacinas já estava praticamente esgotado.

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Ao G1, Rico Vasconcelos, médico infectologista do Hospital das Clínicas da USP, observa que, embora a adição de novas doses seja positiva, o número é insuficiente. Com aproximadamente 1 milhão de pessoas vivendo com HIV e 100 mil em uso de PrEP no Brasil, 25 mil doses cobrem apenas uma pequena parte dessa população.

Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, explicou também ao G1 que o ministério estava em processo de negociação com a Bavarian Nordic para adquirir mais doses. Espera-se que a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) facilite a compra de novas vacinas contra mpox para os países das Américas, incluindo o Brasil. Já segundo a OPAS, as negociações continuam e há uma expectativa de que novas doses cheguem em breve para atender as necessidades urgentes.

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