transtorno

O que especialistas dizem sobre o TDI?

A condição psiquiátrica afeta, principalmente, as memórias, os comportamentos, os sentimentos e o próprio senso de identidade

O TDI passou a ser amplamente comentado nas redes sociais após a exibição de uma matéria durante o programa 'Fantástico', da TV Globo.
A reportagem do ‘Fantástico’ mostrou o caso de Giovana Blasi, que foi diagnosticada com essa condição. (Crédito: Reprodução/TV Globo)

Muitas dúvidas cercam o Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI). Essa condição psiquiátrica afeta, principalmente, as memórias, os comportamentos, os sentimentos e o próprio senso de identidade do paciente. O Instituto NeuroSaber descreve o TDI como um processo dissociativo, que faz com que a pessoa não se sinta conectada à sua personalidade “real“.

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O transtorno passou a ser amplamente comentado nas redes sociais após a exibição de uma matéria neste domingo (20) durante o programa ‘Fantástico’, da TV Globo. A reportagem trouxe dois casos de pessoas que foram diagnosticadas com essa condição, e como isso tem afetado suas vidas.

Especialistas do instituto explicam que o TDI surge a partir de um trauma marcante sofrido pela pessoa ainda na infância. Esses eventos traumáticos são, em muitos casos, abusos sexuais, físicos ou psíquicos. Ao serem submetidas a esses tipos de violência, as crianças podem começar a desenvolver outras personalidades a fim de se protegerem do abuso. Os “personagens” atuam como escudos para suportar momentos de dor e angústia.

De acordo com o psicoterapeuta Remy Aquarone, referência na área de transtornos dissociativos, a ausência de uma ligação afetiva saudável com um adulto é outro fator responsável por contribuir para essa condição. Essa ligação é como um laço, e a criança deposita toda a sua confiança emocional neste adulto que está por perto. Quando esse vínculo é quebrado de forma abrupta, como por um abuso, uma negligência e até a morte repentina da pessoa adulta, o pequeno passa a se “defender sozinho” para superar o momento traumático que está vivendo.

Como identificar

Em uma pessoa com TDI, é possível notar mudanças bruscas de humor e de comportamento. Ela pode negar ter dito ou feito algo que outras pessoas testemunharam. O psiquiatra David Spiegel, membro da Associação Psiquiátrica Americana,  explica que, geralmente, familiares conseguem perceber quando o paciente “troca” de personalidade, e as transições podem ser repentinas e surpreendentes. “A pessoa pode passar de medrosa e dependente a raivosa e dominadora. Ele ou ela pode relatar não se lembrar de algo que disse ou fez minutos antes“, diz.

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O médico ressalta que, muitas vezes, o transtorno é confundido com esquizofrenia, porque o fato de acreditarem que têm identidades diferentes pode ser interpretado como um delírio. Outro erro de diagnóstico comum é o transtorno de personalidade limítrofe – conhecido como personalidade borderline. Pessoas com transtorno dissociativo de identidade freqüentemente também têm depressão.

Transtorno ou mecanismo de defesa?

Ainda segundo Spiegel, a dissociação é um mecanismo de enfrentamento comum, especialmente diante do trauma. “Muitas vítimas de estupro vivenciam o crime como se estivessem flutuando acima de seus corpos, sentindo pena da pessoa abaixo delas. Muitos de nós encontramos maneiras de nos separar de experiências dolorosas ou desagradáveis“, detalha.

No entanto, as pessoas normalmente restauram sua perspectiva habitual ao longo do tempo. Já quem convive com transtornos dissociativos experimenta amnésia persistente, despersonalização, desrealização ou fragmentação da identidade que, na verdade, “interfere no processo normal de elaborar e colocar em perspectiva as experiências traumáticas ou estressantes“.

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Tratamento

A intervenção mais utilizada para estabilizar os pacientes e garantir sua segurança é a psicoterapia. Depois, é necessário avaliar as experiências traumáticas, conhecer as diferentes personalidades e o que motiva o aparecimento dessas identidades. Não há, porém, um consenso a respeito dos tratamentos farmacológicos.

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