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Sofre com asma? Conheça as causas e os suplementos que podem te ajudar

O farmacêutico homeopata Jamar Tejada esclarece o que é a asma, como ela atinge o corpo humano, e dá dicas de suplementação para auxiliar no tratamento da doença respiratória

A asma é uma doença não contagiosa, mas filhos de pessoas asmáticas têm maiores chances de desenvolvê-la em qualquer fase da vida.
(Crédito: Freepik)

Você sabia que a asma é uma das doenças respiratórias mais recorrentes entre os brasileiros? Estima-se que 23,2% da população do nosso país viva com a doença, representando a terceira ou quarta causa de hospitalizações, dependendo da faixa etária analisada.

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A asma é uma doença não contagiosa, mas filhos de pessoas asmáticas têm maiores chances de desenvolvê-la em qualquer fase da vida – embora ainda não tenha cura, ela pode ser controlada e é sobre isso que quero falar com vocês.

Quando respiramos, o ar faz o seguinte caminho: primeiro passa pelas nossas narinas ou pela boca, desce pela faringe, laringe, passando pela traqueia e chegando aos pulmões – onde acontecem as trocas gasosas, ou seja, a substituição do dióxido de carbono expirado pelo oxigênio inspirado dentro dos alvéolos pulmonares. Você deve lembrar disso das aulas de biologia.

O problema é que o pulmão de indivíduos asmáticos desenvolve uma inflamação que leva a um inchaço do revestimento das vias aéreas. Neste caso, os músculos lisos ao redor se contraem e o muco obstrui boa parte da passagem de ar, desencadeando a falta dele.

O diagnóstico da asma é realizado pelo médico a partir dos sintomas relatados pelo paciente e do resultado de exames, como a espirometria – exame que mede a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar a cada vez que respira, ou seja, a quantidade de ar que um indivíduo é capaz de colocar para dentro e para fora dos pulmões e a velocidade com que o faz isso.

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Os sintomas da asma

A forma que a asma se manifesta pode variar de pessoa para pessoa. Os sintomas mais comuns são uma respiração curta ou ofegante e tosse que pode piorar especialmente à noite ou durante a prática de atividades físicas. Outros sintomas são a falta de ar, dificuldade em manter um ritmo de fala, aperto ou dor no peito, fadiga, infecções frequentes, distúrbios de sono e até crises de ansiedade ou pânico.

As causas exatas da asma ainda não são claras, mas alguns fatores já foram identificados, como o perfil genético, o histórico de infecções virais graves durante a infância e também da modulação inadequada do sistema imunológico por falta de exposição a microrganismos – chamada de teoria da higiene – ou mesmo por gatilhos ambientais, como alérgenos ou emoções intensas, entre outros.

Possíveis causas da asma

  • Mudanças climáticas;
  • Infecções respiratórias, como gripes, resfriados ou sinusite crônica;
  • Alergias a ácaro, mofo, pólen, plantas, pelo de animais, saliva ou fezes, partes do corpo de baratas;
  • Alergias alimentares, como camarão, frutos secos, cerveja, vinho ou conservantes como sulfitos;
  • Fumar ou estar em ambientes que tenham muita fumaça ou poeira;
  • Prática de atividade física muito intensa;
  • Estresse ou emoções fortes;
  • Doença do refluxo gastroesofágico.
  • Uso de remédios anti-inflamatórios não esteroides, como ácido acetilsalicílico, ibuprofeno ou naproxeno.

Tratamentos para asma

Como ainda não existe cura para a asma, alguns tratamentos melhoram os sintomas e reduzem as crises, permitindo o controle da doença em duas fases. Na fase de manutenção, são geralmente utilizados medicamentos anti-inflamatórios que reduzem a inflamação nos brônquios, onde os mais utilizados são corticoides inalatórios, mas existem outras opções de medicamentos que podem ser associados. Dentre eles estão os broncodilatadores (como salbutamol e ipratrópio) que são usados quando ocorrem crises na segunda fase, chamada resgate, de alívio rápido, que deve ser seguido conforme orientação médica.

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Suplementações também pode ajudar

O ômega 3 reduz a produção de mediadores inflamatórios na asma e o magnésio auxilia no relaxamento do músculo liso, além de potencializar a atividade de medicamentos broncodilatadores (agonistas beta-adrenérgicos). A vitamina D3 também apresenta efeitos imunomoduladores e anti-inflamatórios.

Ainda há a suplementação fitoterápica, como a retirada do extrato seco de um pinheiro originário da costa francesa, conhecido como Pinus pinaster, rico em flavonoides, que auxilia no manejo dos sintomas e redução das crises, por seus efeitos anti-inflamatórios. Já foi demonstrado que ele é capaz de reduzir a produção de mediadores inflamatórios, por meio da inibição das enzimas que ativam a inflamação, como cicloxigenase (COX) e lipoxigenase (LOX) e da via NF-κB.

O conhecido gengibre, rico em gingeróis e shogaols, também é bem indicado, já que seus ativos auxiliam no relaxamento da musculatura lisa dos brônquios e pulmões através da ativação de receptores β2- adrenérgicos, além de ter efeitos anti-inflamatórios. Assim, as evidências indicam que o extrato de gengibre pode auxiliar na prevenção e tratamento das crises asmáticas.

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E há ainda as plantas de uso mais populares como o alho (Allium sativum L.), orégano mexicano (Lippia graveolens) e camomila (Matricaria chamomilla), que são espécies bastante usadas e com relatos de eficácia, sendo o alho uma das principais.

Outras espécies muito citadas em artigos, são: boldo (Peumus boldus), cebola (Allium cepa L.), limão (Citrus limonium), beterraba (Beta vulgaris L.), capim-limão (Cymbopogon citratus), sabugueiro (Sambucus sp) e a babosa (Aloe vera).

Em um estudo realizado com 62 asmáticos, 77,08% apresentou melhora no controle da doença usando uma mistura de Allium sativum L., Lippia graveolens, Matricaria chamomilla.

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Em comparação a outro estudo, com amostra de 158 pessoas asmáticas, 26,5% relataram apresentar melhorar, com o uso principalmente das espécies Lippia alba, Cymbopogon citratus, Foeniculum vulgare, Matricaria chamomilla e Peumus boldus, enquanto 69,0% não percebem nenhum benefício. Foi demonstrado que a melhora advinda do uso de plantas e fitoterápicos veio com o passar de dias, comprovando que o tratamento deve ser contínuo e que quando associado ao tratamento alopático evidenciou melhor adesão.

Com isso, pode-se comprovar a eficácia e segurança do uso de plantas medicinais no tratamento da asma, já que muitas dessas espécies encontram-se listadas na farmacopeia. Por isso, busque os melhores profissionais de saúde para te auxiliar nesses cuidados, porque, às vezes, um simples chá já pode te ajudar a prevenir as crises.

Caso queira se aprofundar neste assunto, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia tem um espaço com informações interessantes sobre esse tema, assim como a Fundação Americana de Asma e Alergia (em inglês).


REFERÊNCIAS:

1. MEGA, Tacila Pires et al. Use of medicinal herbs by patients with severe asthma managed at a Referral Center. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 47, n. 3, p. 643-649, 2011.
2. GARCÍA QUIALA, Margarita; DÍAZ PITA, Gicela. Efectividad de la fitoterapia en pacientes con asma bronquial. Revista de Ciencias Médicas de Pinar del Río, v. 16, n. 1, p. 118-131, 2012.
3. COSTA, Ryan dos Santos et al. Produtos naturais utilizados para tratamento de asma em crianças residentes na cidade de Salvador-BA, Revista Brasileira de Farmacognosia, Brasil, 2010.

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