Pela primeira vez, a Neuralink – empresa de Elon Musk – implantou o chip cerebral em um ser humano. O bilionário revelou que a equipe realizou o procedimento neste domingo (28) e que o paciente está em processo de recuperação satisfatória. Em suma, a Neuralink concebeu o dispositivo do chip cerebral para diversas aplicações que vão desde a restauração da funcionalidade motora até a viabilização de uma interface cérebro-computador. Contudo, a empresa se depara com alguns questionamentos médicos e éticos. Entenda melhor o que é esse dispositivo, seu potencial e quais as preocupações em torno dele.
The first human received an implant from @Neuralink yesterday and is recovering well.
Initial results show promising neuron spike detection.
— Elon Musk (@elonmusk) January 29, 2024
A Neuralink e o chip cerebral de Musk
O bilionário Elon Musk fundou a Neuralink em 2016 com o foco em pesquisa médica, mais especificamente, no implante de chips cerebrais. A empresa desenvolveu um dispositivo do tamanho de uma moeda para implantá-lo cirurgicamente no crânio. Com fios ultrafinos conectados ao cérebro, ele cria uma interface cérebro-computador. Esse disco registra a atividade cerebral e faz essa transmissão para um dispositivo, como um smartphone, por meio de uma conexão Bluetooth.
Ao implantar o chip na área cerebral responsável pela função motora, a empresa argumenta que isso possibilitaria a superação de distúrbios neurológicos que impossibilitam a movimentação. Nesse sentido, bilionário indicou que os primeiros usuários seriam aqueles que perderam a capacidade de utilizar seus membros.
Até então, a Neuralink havia realizado testes de seu chip cerebral em macacos e porcos. Durante esses experimentos, a empresa exibiu macacos “jogando” videogames simples e movimentando o cursor em uma tela utilizando os implantes. Embora a Neuralink assegure que nenhum macaco tenha perdido a vida por conta aos implantes, foram relatados problemas, incluindo casos de paralisia, convulsões e inchaço cerebral.
Vale ressaltar que a empresa de Musk não é a única envolvida nesse tipo de pesquisa. A australiana Synchron já realizou com sucesso o implante de seu dispositivo em um paciente dos Estados Unidos em julho de 2022. No entanto, diferente de outros implantes, o chip da Synchron não requer procedimentos cirúrgicos invasivos no crânio para sua instalação.
Testes em humanos e as preocupações em torno do dispositivo
Essa etapa dos testes em humanos tem como principal objetivo coletar dados ligados à segurança e eficácia. Durante uma apresentação no evento X na segunda-feira, 29, Musk afirmou que os “resultados iniciais indicam uma detecção promissora de picos de atividade neuronal”. Isso implica que os neurônios estão transmitindo sinais elétricos e químicos entre si por todo o corpo, o que é essencial para realização de funções cotidianas.
O FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora norte-americana, concedeu aprovação para os testes em humanos em maio de 2023, mesmo em meio a investigações federais sobre a segurança de seus ensaios em animais.
Em relação às preocupações, os especialistas destacam potenciais riscos associados à cirurgia cerebral, como hemorragias ou convulsões. Além disso, eles levantam indagações quanto a visão de Elon Musk sobre os implantes, especialmente no que diz respeito à privacidade. Vale salientar que os detalhes sobre a capacidade do usuário de controlar seus dados pessoais e atividades neurais são limitados.
* Sob supervisão de Lilian Coelho