discurso anti-muçulmano

Modi: “Seu dinheiro suado deveria ser dado a infiltrados?”

Vale ressaltar que a segunda das sete fases das eleições nacionais indianas acontece nesta sexta-feira (26)

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Narendra Modi – Crédito: Reprodução/Youtube

Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, está sendo acusado de incitar o ódio contra os muçulmanos após comentários feitos durante comício no domingo (21). No estado do Rajastão, ele sugeriu que muçulmanos são “infiltrados” e mencionou a presença de tropas anti-muçulmanas no meio das eleições gerais do país.

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Segundo o atual primeiro-ministro, se a oposição liderada pelo partido do Congresso ganhar o poder, deve haver uma redistribuição da riqueza nacional para “aqueles com mais filhos”, o que foi interpretado como uma alusão aos muçulmanos. “Seu dinheiro suado deveria ser dado a infiltrados?”, questionou ele.

À Al Jazeera, os funcionários eleitorais locais no estado confirmaram o recebimento de queixas contra Modi. Em suma, as acusações solicitam a suspensão de sua campanha eleitoral, além da sua prisão.

Renu Poonia, funcionário da Comissão Eleitoral da Índia (ECI) em Jaipur, declarou que recebeu reclamações do Azad Adhikar Sena, um partido político regional, e de uma organização local sem fins lucrativos.

À princípio, a legislação eleitoral da Índia proíbe partidos e políticos de promoverem campanhas que alimentem divisões religiosas ou de castas. No entanto, ativistas têm há muito tempo criticado a falta de ação das autoridades eleitorais, especialmente em casos envolvendo funcionários influentes do governo.

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O discurso de Modi sobre os muçulmanos

Há bastante tempo, muitos líderes do partido de Modi – o Bharatiya Janata (BJP) – e seus aliados da direita hindu indiana têm retratado os 200 milhões de muçulmanos do país como estranhos.

Além disso, essa coalizão promove uma teoria conspiratória que sugere que os islâmicos indianos têm mais filhos com o objetivo de superar o número de hindus no país. No entanto, os dados do governo indicam que, na verdade, a taxa de fertilidade entre os muçulmanos na Índia está diminuindo mais rapidamente do que em outras comunidades.

Já em 2002, Modi propagou esse estereótipo. Na época, após um massacre anti-muçulmano em Gujarat, onde ele atuava como ministro-chefe, ele chegou a zombar que os campos de refugiados seriam locais de alta fertilidade.

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Contudo, nos últimos anos, enquanto outros membros de seu partido frequentemente expressaram visões islamofóbicas, Modi concentrou-se em destacar as supostas conquistas de seu governo na economia e no desenvolvimento social. No entanto, isso parece ter mudado em seu discurso eleitoral mais recente.

À Al Jazeera, o comentarista político Asim Ali afirmou que a declaração de Modi foi a “mais inflamada de um primeiro-ministro em exercício na história recente da Índia”. Ele ainda acrescentou que “há cinco anos, a questão era por que Modi não reinava em vozes extremistas; agora, o Modi é o ativista mais extremista”.

Por fim, alguns membros da comunidade muçulmana entendem que os comentários do primeiro-ministro alimentam a violência contra os muçulmanos, sendo esta uma questão que tem se agravado ao longo da última década. Para Ali, o discurso também é alarmante por sua tentativa de retratar os muçulmanos como uma ameaça à identidade hindu. Vale ressaltar que a segunda das sete fases das eleições nacionais indianas acontece nesta sexta-feira (26).

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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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